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Antonio Jorge Pereira Júnior: Credibilidade e sustentabilidade política
Opinião

Antonio Jorge Pereira Júnior: Credibilidade e sustentabilidade política

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Tipo Notícia Por
Antônio Jorge Pereira Júnior
Doutor e mestre em Direito - USP, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Antônio Jorge Pereira Júnior Doutor e mestre em Direito - USP, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor

O divórcio de Sergio Moro e Jair Bolsonaro gerou impacto. Consumada a ruptura, apoiadores do presidente reproduziram mensagens nas redes sociais para desconstruir Moro. Críticas baseadas em conjecturas diversas, tão fantasiosas e díspares que perdem confiabilidade. No fundo, um grande mimimi derivado da chateação contra o Moro por ter pedido demissão e ter dito o que disse. Sem perceber, ajudaram o PT em seu empenho para anular a Lava Jato, uma vez que Moro será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à parcialidade nos casos que envolvem Lula. Nada disso tira o mérito histórico do ex-ministro e nem altera o curso da investigação solicitada pela Procurador-Geral da República (PGR) ao STF, para avaliar as condutas dos dois a partir do discurso do ex-juiz. Não estranharia que o STF venha a concluir, por fim, que houve excesso da fala do presidente, sem materialidade efetiva de crime. Isso já aconteceu outras vezes em face do temperamento e formas rudes de quem foi eleito líder do Executivo. Vamos aguardar. Por outro lado, as mensagens contra Moro podem ter gerado mais provas sobre o mecanismo de fabricação das fake news no inquérito em curso no STF.

Ampliando o foco, mais importante ao Governo era administrar a crise deflagrada pela saída de dois ministros de peso para estancar e reverter a perda de credibilidade. Nesse quesito saiu-se bem. Dentro das possibilidades, foram escolhidos nomes técnicos, com prestígio profissional e que parecem aptos para as funções correspondentes. Assumem seus postos com a vantagem de ter, pelo menos nesse momento, a confiança do presidente. Naturalmente precisarão de tempo para se acomodar aos cargos.

Em paralelo, Bolsonaro reforçou a posição de Paulo Guedes e recupera apoio ao Governo no Congresso Nacional, mediante reunião com líderes de partidos do Centrão. Conseguiu aliados importantes. É notória a atitude mais suave de Rodrigo Maia para com o presidente. Os bastidores de tudo isso? Ainda não sabemos de todo. Mas torcemos que não passe da razoável e aceitável composição de interesses legítimos, sem redundar em corrupção e prejuízo aos cidadãos. O tempo dirá. 

 

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