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Fabiano Contarato: Devemos abrir processo de impeachment
Opinião

Fabiano Contarato: Devemos abrir processo de impeachment

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Fabiano Contarato
Senador da República (Rede-ES)
 (Foto: Phelipe Ribeiro/Divulgação)
Foto: Phelipe Ribeiro/Divulgação Fabiano Contarato Senador da República (Rede-ES)

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio), mais uma vez, o presidente da República participa, em Brasília, de manifestações que atacam a mídia e pedem o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal; estimulam intervenção militar. Nossa democracia corre riscos ou é um exagero dizer isso? Não tenho a menor dúvida: são graves os ataques às instituições democráticas e não podemos minimizar a importância do que está acontecendo. Devemos abrir processo de impeachment para que o presidente seja julgado, com direito a ampla defesa.

Lembro que, o presidente participou de ato anterior, dia 19 de abril, também na Capital do País, no Setor Militar Urbano. Enquanto discursava, pessoas aglomeravam-se, ignorando as recomendações para evitar a contaminação por coronavírus, e gritavam "intervenção militar" e "AI-5", em referência ao Ato Institucional nº 5, baixado em 1968, e que, na prática, amparou a ditadura militar brasileira (1964-1985).

Qualquer manifestação que apoie o AI-5 está concordando com o que aconteceu quando tivemos o fechamento do Congresso Nacional e das assembleias legislativas dos estados, a cassação de mais 170 mandatos legislativos, a censura prévia da imprensa e de produções artísticas; os toques de recolher, torturas e mortes. Esse instrumento, no passado, acabou com as liberdades individuais e com os direitos coletivos no País.

Assim, pedir AI-5 ou participar de atos dessa natureza é querer a supressão da democracia. O compromisso constitucional do presidente da República é, justamente, o contrário. Ele tem por obrigação defender e promover a democracia. Ao rasgar o seu juramento, incorre em "crime de responsabilidade", previsto na Constituição Federal e na Lei 1.079/50, o que leva ao impeachment, uma punição política: perda do cargo e inelegibilidade por oito anos para o exercício de função pública.

Até o final de abril, havia 29 pedidos de impeachment nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados. O que se discute, em Brasília, é se este seria o momento conveniente para tanto, pois o País está atravessando a grave pandemia do coronavírus. Entendo que sim porque o presidente da República conspira contra a democracia reiteradamente. Trair a democracia é trair os brasileiros. 

 

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