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Thereza Maria Magalhães Moreira: A curva epidêmica dos casos de Covid-19
Opinião

Thereza Maria Magalhães Moreira: A curva epidêmica dos casos de Covid-19

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Tipo Notícia Por
Thereza Maria Magalhães Moreira
Enfermeira, advogada, pesquisadora do CNPq e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece)
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Thereza Maria Magalhães Moreira Enfermeira, advogada, pesquisadora do CNPq e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece)

Como membro do Grupo de Trabalho (GT) de enfrentamento da Covid-19 da Uece (GT criado pelo reitor Jackson Sampaio, que conta com enfermeiros, médicos e veterinários docentes da Uece, conhecedores de epidemiologia, virologia e infectologia), ouço muito: "Explica a curva da Covid-19?".

O coronavírus Sars-CoV-2 causa Covid-19. A quantidade de infectados é representada por uma curva, que tem o formato de um sino, mostrando o número de casos no passar do tempo. Quanto mais alta e estreita a curva, mais casos em menos tempo. Seu achatamento na China inspirou países, como o Brasil, e aumentou dúvidas. Achatar essa curva significa menos casos em maior período de tempo.

Quanto mais doentes há, mais rápido aumenta o número de casos no mesmo intervalo de tempo. Na Covid-19, um doente pode transmitir vírus a 5-6 pessoas, principalmente nos cinco primeiros dias pós contágio, pois só terá anticorpos a partir do 6-7º dia, e no 14º dia terá anticorpos de memória.

A atual curva do Ceará confirma o efeito do isolamento social, que resultou em um crescimento mais lento na quantidade de infectados, e inclui pacientes atendidos nos postos, UPAs e hospitais; graves internados e óbitos, mas denota subnotificação porque escapam os casos leves, pois testamos pouco, o que aumenta a taxa de letalidade (óbitos/casos).

Voltando à "curva epidêmica" em si, ela é formada por uma subida íngreme, seguida de uma estabilização no topo e depois uma queda também acentuada. As ações do Estado adiaram a chegada dos casos no topo da curva, dando tempo de aumentar o número de leitos clínicos e de UTI, e capacitar profissionais, apesar de persistir a falta de equipamentos de proteção individual e a má remuneração dos enfermeiros, soldados da linha de frente dessa "guerra".

São previstos 10% de casos graves e 2% de óbitos. O desafio é distribuir esses pacientes ao longo do tempo e deixar casos leves monitorando febre, tosse e cansaço em casa para procurar atendimento somente se sentirem falta de ar, deixando os sistemas de atendimento apenas para moderados e, principalmente, para os graves. A boa notícia é que o decaimento da curva também é exponencial, ou seja, a partir de um momento no tempo, os novos casos diminuirão e esta diminuição não será lenta. Que Deus nos guarde! Thereza Maria Magalhães Moreira

 

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