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Editorial: Ceará: mais controle para salvar vidas
Opinião

Editorial: Ceará: mais controle para salvar vidas

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A partir de hoje passam a valer medidas mais severas anunciadas pelo Governo do Estado e pela Prefeitura Municipal de Fortaleza para o combate à pandemia. A meta é alcançar 70% de isolamento social em Fortaleza. Simultaneamente, planeja-se a criação de um "cinturão sanitário" em torno da Capital, pois esta detém a maior concentração de casos confirmados e de óbitos pelo novo coronavírus.

A implantação de medidas de controle mais rígidas tornou-se imperativa em face do afrouxamento paulatino do isolamento social, em detrimento das orientações das autoridades sanitárias. Isso gera um maior incremento no número de infectados e de óbitos. A queda da adesão ao isolamento social vem-se verificando desde a Semana Santa. Isso é assustador, pois faz a curva subir, aproximando-se do desenho registrado na Espanha. Até ontem, já eram registradas 13.888 pessoas infectadas e 903 mortes no Ceará, a maior parte delas na Capital. Fortaleza concentra 9.669 casos confirmados e tem também o maior número de óbitos: 694. A taxa de letalidade no Estado é de 6,8%

Apesar de o Comitê Científico do Consórcio Nordeste recomendar "lockdown" (fechamento total) para Fortaleza e Região Metropolitana, não se chegará a tanto, por enquanto. As autoridades locais preferem apertar os controles um pouco mais: impedindo a circulação de pessoas e veículos, obrigando o uso de máscaras nos espaços públicos e fixando barreiras de controle de trânsito de veículos nos limites da cidade.

É preciso que as pessoas não continuem a ignorar os apelos das autoridades sanitárias, pois se isso continuar, o desastre seria indescritível, com o colapso total da rede de saúde pública [nem a rede privada escaparia]. É certo que a desobediência se deve, em grande parte, ao fato de o Governo Federal não cumprir sua parte, dificultando a chegada do auxílio emergencial e outros benefícios aos trabalhadores, e cidadãos em geral, que ficaram sem renda, o que os obriga a buscar meios para sobreviver. Como o presidente da República trabalha para explodir o isolamento social, as filas nas agências bancárias e outros atropelos aos direitos dos cidadãos fazem "correr a água" para o moinho presidencial.

Como bem revela a experiência do Ceará, a pandemia expôs a desigualdade social escandalosa, no Brasil, e os pobres é que estão pagando mais, por não terem como se proteger da propagação da doença que agora chega às favelas e às periferias. Isso exigiria que o Chefe do Governo - como acontece em outros países - assumisse a liderança e unisse a Nação para esse fim. No Brasil, tragicamente, Bolsonaro faz exatamente o contrário. Que ao menos no Ceará e no Nordeste os cidadãos façam sua parte e se unam aos esforços dos governos estaduais para se protegerem ao máximo da borrasca sanitária. É o mínimo esperado de quem tem bom senso. 

 

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