O coronavírus tem exigido de nós um esforço de união. Se antes já era sabido que a cooperação entre os países conduz a bons resultados, recentemente evidenciou-se maior necessidade de colaboração e solidariedade entre as nações para enfrentarmos essa pandemia.
O combate à Covid-19 tem sido não apenas um teste para nosso sistema de saúde e de assistência social, mas um áspero desafio de fazer funcionar, com maestria, nossa capacidade de trabalhar em equipe, pautando-nos na tutela aos direitos humanos. O confronto passa pela defesa e ampliação desses direitos, o que exige de todos os países sua efetivação, sob risco de não conseguirmos vencer a pandemia.
A emergência de salvar vidas deve ser para todas e todos e deve abranger com maior intensidade aqueles que a sociedade negligencia ou rebaixa a um status menor. Se isso não acontecer, falharemos.
A vida e a saúde de todos são ligadas à saúde dos membros mais marginalizados da sociedade. Os fronteiriços e marginalizados devem ser, portanto, os primeiros a terem proteção garantida, considerando-se a constante fragilidade a que são submetidos. Isso significa superar barreiras: aqui não existe espaço para construção de muros. Nesse imenso terreno onde estamos, - todos devem ser bem-vindos e não pode haver tratamento diferenciado por gênero, geografia, etnia, status social ou religião.
Aqui, o controle de fronteiras não deve resultar em mais mortes; deve prezar a garantia dos direitos humanos - o direito de migrar para salvar sua vida - e, concomitantemente, o direito de receber suporte digno de saúde. Logo, todos os estrangeiros e nacionais devem ter acesso à saúde. Não podemos incluir uns em detrimento de outros. Não há a opção da escolha. Esta, nesses casos, torna-se imoral e inconcebível.
Nesse contexto, as relações internacionais entre os países não serão - ou não deveriam ser - as mesmas. Comportamentos de ilhas ou fechamentos de fronteiras não resolverão nada e só agravarão as crises. No século XXI, deve-se refutar os achismos, confiar na ciência e enaltecê-la e ampliar a cooperação internacional.