O Banco do Nordeste (BNB) empossou, ontem, seu novo presidente, Alexandre Borges Cabral, que já dirigiu a Casa da Moeda entre julho de 2016 e junho de 2019, então por indicação do PTB. Desta vez, a indicação é atribuída ao Partido Liberal (PL), sigla liderada pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, como parte do propalado acordo do presidente Jair Bolsonaro com o Centrão. Supostamente, ele se deveria à necessidade presidencial de articular uma base de sustentação parlamentar confiável, no Parlamento, tanto para a aprovação de atos governamentais, como para repelir eventuais tentativas de afastá-lo do poder por meio de impeachment, cujos pedidos (mais de 30) se acumulam nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Desde logo, é preciso acentuar que é legítimo, em princípio, nas democracias representativas, a divisão de cargos da máquina pública entre partidos da coalizão governamental no poder. Perfeitamente aceitável se a força política detentora da jurisdição designar o ocupante do cargo a partir de critérios de reconhecida competência técnica para exercê-lo e de transparente subordinação aos princípios éticos e legais que regem a função pública.
No caso em vista, trata-se de um técnico de atuação profissional comprovada, com 34 anos de experiência na área financeira, como funcionário de carreira do próprio BNB. Isto é, alguém que já traz entranhada em si a cultura da Casa, depois de nela ter exercido várias funções importantes. Além de ter sido coordenador da área de Atração de Investimentos do Governo do Estado do Ceará (2004-2007).
Esse cabedal faz jus ao BNB, que é uma instituição respeitada, tanto por sua condição técnica, como por seu histórico de compromisso público com o desenvolvimento regional, tornando-se um patrimônio inestimável do Nordeste, desde sua fundação em 1952, através de projetos de larga envergadura e de grande prestígio, tais como o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), o Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger) e, principalmente, como gestor do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNE), criado há 32 anos. Sem falar no Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), responsável por produzir, promover e difundir estudos, pesquisas e informações socioeconômicas, além de avaliar políticas e programas do BNB que possam calçar o desenvolvimento sustentável da região.
Bancos públicos como o BNB têm uma função estratégica, indescartável, para o Brasil alcançar seus objetivos nacionais. Ainda mais imprescindível em um momento de grandes desafios como serão os de pós-pandemia, quando o País necessitará soerguer-se do destroço econômico. Esse papel anticíclico o BNB já exerceu, junto dos demais bancos públicos, na crise de 2008. E certamente voltará a fazê-lo com grande maestria. É o que esperamos.