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Pedro Cesar Rocha Neto: O custo da (sua) vida e a pós-verdade
Opinião

Pedro Cesar Rocha Neto: O custo da (sua) vida e a pós-verdade

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Pedro Cesar Rocha Neto
Advogado, doutorando em Direito Constitucional, mestre em Planejamento e Políticas Públicas e secretário executivo da Chefia de Gabinete do Prefeito de Fortaleza, Estado do Ceará.
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Pedro Cesar Rocha Neto Advogado, doutorando em Direito Constitucional, mestre em Planejamento e Políticas Públicas e secretário executivo da Chefia de Gabinete do Prefeito de Fortaleza, Estado do Ceará.

É inegável o ambiente de guerra sanitária mundial, onde o inimigo invisível apresenta-se com grandiosa força de contaminação e letalidade em todos os níveis socioeconômicos. Entretanto, os números da curva de óbitos demonstram uma triste realidade: morre-se mais entre os mais pobres. Assim, constata-se que a pandemia também lança luz sobre as desigualdades sociais do nosso País.

Nesse quadro, depara-se com a salvaguarda da vida, o bem mais supremo da humanidade. Em vista disso, os decisores públicos minimamente responsáveis amanhecem e anoitecem sob a égide do tripé de governança em estado de exceção: a necessidade emergencial; a legalidade provisória; e a possibilidade financeira.

Além dessas questões, ressalta-se, ainda, o fenômeno da "pós-verdade acelerada", visto que afirmações rasteiras, desprendidas da veracidade dos fatos, encontram a sua força propulsora e devastadora agravada pela proximidade da corrida eleitoral.

A partir dessas peculiaridades, destaca-se a questão do custo dos respiradores necessários para equipar leitos de UTI para tratamento da Covid-19. Já se sabe que o coronavírus compromete em alto grau a saúde cardiorrespiratória do indivíduo. Em síntese, caso não tratado adequadamente e no tempo certo, o doente evolui para quadro de morte rapidamente.

De outra parte, nota-se que os valores cobrados por esses equipamentos hospitalares, durante o período de pandemia, foram majorados absurdamente, revelando a verdadeira rapinagem praticada por fornecedores privados. Esse fato manifesta-se em países de diferentes continentes e de distintos matizes ideológicos.

À luz da verdade, os gestores públicos se defrontam com a "escolha de Sofia": adquirir respiradores a preços sabidamente abusivos ou esperar a sorte dos custos baixarem e deixar a população morrer à míngua na expectativa de um leito. A propósito, convoca-se a um exercício prático de empatia perante os decisores políticos. Suponha-se que você fosse gestor público, diante desta escolha como você agiria? Enfim, responda sem titubear: qual o custo da (sua) vida?

Em momentos de grave crise pandêmica, necessita-se de decisores políticos que saibam adotar as medidas emergenciais no tempo-resposta eficazes para salvar o maior número de vidas. 

 

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