Se agrava, diariamente, a situação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Não bastasse a crise provocada pelo novo coronavírus - resultado, em parte, da omissão federal diante da pandemia -, inquérito das fake news e letargia na economia, o chefe do Executivo precisa lidar com um fantasma que assombra há meses o Palácio do Planalto: Fabrício Queiroz. A prisão do amigo e ex-assessor de um dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro, provoca um tsunami no centro do poder, por mais que o presidente tente minimizar a questão, afirmando que o "caso Queiroz" está encerrado.
Na verdade, há ainda muita água para passar debaixo dessa ponte construída entre o Rio de Janeiro e Brasília. Principalmente em razão das perguntas ainda não esclarecidas. O que fazia Queiroz na residência de um advogado da família Bolsonaro? O presidente sabia ou não sabia da presença dele ali? Por que Bolsonaro emprestou dinheiro a Queiroz, sendo que ele movimentava milhões em suas contas?
O ex-motorista sabe muito, e caso feche um acordo de delação premiada, os riscos de tudo vir abaixo se multiplicam. Por isso que era crucial manter Queiroz isolado, escondido, calado. Agora, Bolsonaro se vê refém de um aliado, parceiro que esteve sempre ao seu lado ao longo de uma controversa trajetória política.
Enquanto isso, o presidente vê sua popularidade ruir. E na medida em que Bolsonaro vai se enfraquecendo, mais caro é o preço cobrado pelo Centrão para evitar um possível processo de impeachment. O velho Centrão, tão repudiado pelo então candidato que prometia acabar com o chamado "toma lá dá cá", virou a tábua de salvação de Bolsonaro. Com águas tão revoltas, entretanto, dificilmente ele será suficiente.
Refém de sua própria incompetência, dos filhos problemáticos, de aliados com caráter duvidoso, do STF (Supremo Tribunal Federal), de Queiroz e companhia, o presidente está cada vez mais à beira do abismo, e levando Brasil junto. Estamos no nosso limite. Nenhum eventual trauma fruto da antecipação de sua saída do comando do País se compara com os efeitos negativos de mais dois anos e meio do atual governo. Passou da hora de agir.