Logo O POVO+
Ariosto Holanda: Projetos que fazem falta ao Ceará
Opinião

Ariosto Holanda: Projetos que fazem falta ao Ceará

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal

Em julho de 1987, quando o governador Tasso Jereissati me convidou para ser o seu secretário de Indústria e Comércio, definimos como metas a implantação dos projetos: Refinaria e gás natural (Petrobras); Itataia (Nuclebrás); Laminação (Siderbrás); o Fortalecimento das Micro e Pequenas Empresas. As razões que nos levaram a definir esses projetos foram:

1) Como ex-petroleiro, tive a informação que a Petrobras estava projetando uma refinaria e uma petroquímica de fertilizantes para serem instaladas no Nordeste. A concepção era a de um complexo envolvendo a refinaria e uma planta industrial onde seria extraída amônia do gás, para a produção de fertilizantes nitrogenados.

2) O geólogo Francisco Pessoa, me falou que o município de Itataia tinha a maior jazida, do País, de rocha fosfática associada ao urânio e que no CDTN (Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Nuclebrás), o cearense de Orós, engenheiro José Aury, havia desenvolvido um protótipo para separar o fosfato do urânio. O engenheiro Reginaldo Lima Verde gerente da Nuclebrás/CE e outros, demonstraram a viabilidade técnico-econômica desse empreendimento que iria produzir urânio para usinas nucleares, fosfato para a produção de fertilizantes fosfatados e calcáreo para corretivo de solos.

3) O cearense engenheiro William Rocha Cantal, da Siderbrás, defendia uma laminação para o Ceará porque era o estado do Nordeste que mais consumia laminados planos.

Defendi esses projetos porque eram factíveis, demandadores de mão de obra e os recursos eram oriundos das estatais. Mas, o jornalista Dorian Sampaio, dizia: "Ariosto, você sabe o que fazer, como fazer, mas, você não tem o poder de fazer, porque esse, deriva do poder político que o Ceará não tem". Ainda hoje, guardo com muito zelo o documento original da Petrobras contendo o parecer sobre o projeto da nova refinaria, onde nele está escrito e assinado: "o melhor resultado é obtido com a Refinaria em Fortaleza seguida da alternativa São Luiz do Maranhão".

Na defesa dessas propostas chegamos a criar na Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará) sob as lideranças de José Flávio Costa Lima, Airton Angelim, Beni Veras, Demócrito Dummar e outros, a FIC (Frente em defesa dos projetos de Interesse do Ceará).

Já o programa Fortalecimento das Micro e Pequenas Empresas, foi um sucesso. Desenvolvemos as ações: 1) assistência tecnológica e laboratorial, a cargo das universidades e Institutos de tecnologia que realizaram nos seus laboratórios mais de 60.000 análises, testes e ensaios. 2) assistência financeira definida pelos Bancos oficiais. 3) assistência gerencial e mercadológica realizada pelo Ceag hoje, Sebrae. Na área mercadológica inovamos com o programa compras e serviços governamentais: "o que o governo compra de produtos ou contrata de serviços que pode ser feito pela pequena empresa?". O Governo passou então, a comprar mobiliário escolar, produtos de limpeza e outros das pequenas empresas. Para a capacitação profissional do trabalhador construímos fábricas-escolas e liceus de artes e ofícios. Inovamos também, com a construção de galpões indústrias e criação de postos avançados da Secretaria no interior. Mas, disso tudo só restou a saudade. Chegaram a dizer que eu era um secretário de fundo de quintal; com muita honra, disse, porque é no fundo dos quintais que reside a nossa pobreza. 

 

O que você achou desse conteúdo?