Sou leitor deste periódico há mais de 60 (sessenta) anos. Aprendi com meu saudoso pai a ficar em dia com as notícias do Brasil e do mundo através de suas páginas.
Das considerações sempre sensatas dos seus editoriais, as opiniões sempre corajosas de articulistas, como Monsenhor Quinderé, Padre Antônio Vieira, Milton Dias, Themístocles de Castro e Silva, João Jaques, e em especial Itamar Spíndola, inimigo ferrenho da palavra "que".
Cedo abdiquei das salas de aula e fiquei distante do vernáculo, que não para de inovar, e a cada dia apresenta novos verbetes.
Algumas frases, como: "mundana morre em lupanar"; "preso após dirigir pilhéria à jovem donzela"; "o senhor prefeito trajava elegante slak".
Foi o tempo que nossa gramática, aos poucos, foi dando lugar a novos neologismos, inclusive de novos idiomas: restaurante a la carte, self-service, checkup, know how, office boy, home office, sexy appeal, fake news.
Com o advento da cibernética, tivemos que enrolar ainda mais a língua. A febre do computador também me contagiou, mas acabei desistindo, a exemplo do saudoso Airton Monte, que permaneceu fiel a velha Wondervolt, pois não costumo escrever palavras às quais não sei seu significado: hashtag, e-mail, WhatsApp, Twitter e por aí vai.
E agora em meio a esta pandemia, o jargão é "lockdown"!
Tenho a impressão que se "aportuguesassem" tal palavra, mais pessoas obedeceriam-na. Já não bastam as metáforas do Lúcio Brasileiro, com as notícias da nata? Das inúmeras palavras novas que sempre leio, uma me aguça a curiosidade: a palavra peculato.
Parece que se refere à político que se mete em falcatruas. Procurei, mas não encontrei uma definição para quem exerce tão "nobre" profissão. Será peculento? Peculoso? Péculo? Peculista? Peculatário? Peculítico?
Ou simplesmente ladrão?