Logo O POVO+
Gal Kury: Cidadã, sim!
Opinião

Gal Kury: Cidadã, sim!

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Gal Kury, consultora de marketing e professora universitária (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Gal Kury, consultora de marketing e professora universitária

O noticiário, recentemente, foi dominado pela divulgação de um vídeo onde um casal do Rio de Janeiro, desrespeitando a recomendação de uso de máscaras e não-aglomeração, foi abordado de forma técnica e respeitosa por um fiscal da Vigilância Sanitária, ao que a mulher proferiu a chocante frase quando seu marido foi chamado de cidadão: "Cidadão, não. Engenheiro civil. Formado. Melhor do que você".

Detalhe: o fiscal possui um vasto currículo profissional e acadêmico, doutor e pesquisador em sua área. A reação das pessoas nas redes sociais foi imediata. No dia seguinte, a organização que empregava a mulher, emitiu nota oficial anunciando a demissão da funcionária por não compactuar com os valores pregados em sua fala. O estulto casal se disse assustado e relatou ameaças. Escolhas e consequências.

Temos uma tradição histórica de relações de subserviência e intimidação entre os membros da sociedade representada através da afirmativa célebre: "Você sabe com quem está falando?". O famoso assédio moral. A pessoa se põe em um pedestal, inatingível, imbuída de uma falta de pertencimento do coletivo, como se o diploma ou recursos financeiros pudessem alçá-la a uma elite imaginária, intocável (e desprezível). Como se fazer parte da coletividade fosse ruim. Certa vez estava em um restaurante e ouvi um cliente falar para o garçom: "me dê seu nome que você vai ver o que te acontece. Eu tenho um sobrenome bem bonitinho." Pra quê?

A palavra "cidadania" deriva do latim civitas (cidade), porém, seu sentido é bem mais amplo do que "viver em algum lugar". O significado se transmuta com o status de ser cidadão, junto aos direitos e deveres que lhe são atribuídos. Nos princípios de cidadania encontramos o direito à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a lei: os direitos civis. E também ter poder decisório enquanto sociedade: votar. E por que tudo isso seria nocivo a alguém? Ser cidadão é ser respeitado como indivíduo e fazer parte do todo. Nas palavras atribuídas ao filósofo grego Aristóteles: "Nem sempre é a mesma coisa: ser um bom homem e um bom cidadão." 

 

O que você achou desse conteúdo?