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Denise Aguiar: Sobre feminismo, infância e liberdade
Opinião

Denise Aguiar: Sobre feminismo, infância e liberdade

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Denise Aguiar 
Secretária-executiva de Políticas para Mulheres do Estado do Ceará
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Denise Aguiar Secretária-executiva de Políticas para Mulheres do Estado do Ceará

Nas últimas semanas, acompanhamos atentas o movimento de meninas denunciando situação de abusos sexuais pelas redes sociais. Eram casos de meninas que foram vítimas de violência física, emocional e psicológica por outros adolescentes e, em algumas situações, por seus educadores. À frente da política para mulheres dentro da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos, me certifiquei de que nossos equipamentos - Casa da Mulher Brasileira e Centro de Referência e Apoio à Mulher - estivessem prontos para receber e acolher essas meninas, ofertando todo o apoio psicossocial, se elas assim desejassem.

Mas compreendo que é preciso ir além. Precisamos identificar o machismo expresso nas relações de poder que se constroem em nosso cotidiano. E quando identificarmos, devemos desconstruí-lo com a maior urgência possível. Isso passa por apontar aos homens seu comportamento indevido, opressor e, por que não dizer, violento. Lutamos por meninas empoderadas, mas necessitamos de meninos que saibam respeitar, que tenham a noção real de direitos de espaços iguais e de diálogos equilibrados.

Mostrar às meninas, ainda na infância, seu direito de voz, e sua potência de ser o que bem desejam e sonham pode ser transformador. Devemos ainda buscar assegurar um crescimento e desenvolvimento longe da violência e da ameaça que se dá por questões de gênero. E um dos caminhos para isso é abordar essa temática ainda dentro da escola.

Devemos levar práticas saudáveis para o ambiente escolar, colocando a equidade de gênero como uma realidade a ser construída. Desestimular os discursos de "coisas de menina e coisas de menino", da oposição "rosa e azul" e das disputas entre gêneros. É preciso acolher a diversidade de identidade de gênero e orientação sexual, permitindo a pluralidade de vozes que ecoam das inquietações juvenis.

A educação sexual nas escolas trata sobre dar direito e liberdade para apenas ser criança. Como nos fala a pensadora africana feminista, Chimamanda Adichie, "e se criássemos nossas crianças respeitando seus talentos, e não seu gênero? E se focássemos em seus interesses, sem considerar gênero?". 

 

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