Os profetas do pânico criaram o pior prognóstico possível. Eles asseguravam que teríamos uma letalidade em massa no sistema carcerário cearense. Enquanto isso, cerca de cinco mil servidores públicos se empenhavam de forma incansável na luta contra uma doença desconhecida e perigosa. Nossa missão era preservar quase 30 mil vidas. Obediente aos avisos da ciência e aos protocolos das autoridades da saúde, nosso time agiu com disciplina e organização.

Passados quatro meses da chegada do novo coronavírus ao Ceará, o sistema prisional estadual contabiliza 24 internos em tratamento de quadro leve da doença, número que representa 0,1% da população carcerária. Também contabilizamos 22 policiais penais afastados para tratamento, o que representa 0,5% do quadro efetivo dos nossos agentes. Após 120 dias de pandemia por aqui, também registramos três óbitos de internos, dois deles com comorbidades e um policial penal que estava afastado desde o ano passado para tratamento de uma doença crônica.

São inúmeras as práticas que explicam o resultado, mas destaco um tripé fundamental. Distribuição e disciplina no uso dos EPIs, volume elevado de testagem com sistema de rastreamento entre as pessoas sintomáticas ou comprovadamente doentes e a parceria organizada com entidades como a Secretaria de Saúde, Departamento Penitenciário Nacional e a Cruz Vermelha Internacional. Além disso, criamos uma Enfermaria Máxima de Saúde equipada com quase 200 leitos e equipe treinada de profissionais da saúde. Outra prática bem sucedida no sistema é a confecção de máscaras realizada pelos próprios internos. Ultrapassamos a marca de 100 mil unidades produzidas. Treinados pelo Senai, eles garantem a proteção das pessoas e ainda recebem remição de pena pelo trabalho.

Não se trata de celebrar a quantidade relativamente pequena dos números. É uma prestação de contas do sistema prisional cearense a cada contribuinte. É um aviso aos que alardeiam e torcem pelo pior. Enquanto bradam a gente trabalha. Enquanto profetizam nós nos dedicamos a preservar vidas. E assim permanecerá. Enquanto não existir uma solução definitiva da ciência, nós manteremos o firme trabalho de prevenção e combate a Covid-19, pois aqui no Ceará cada vida nos importa.