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Eduardo Jucá: Como assim um "novo normal"?
Opinião

Eduardo Jucá: Como assim um "novo normal"?

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Eduardo Jucá
Neurocirurgião pediátrico, professor, pesquisador e palestrante
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Eduardo Jucá Neurocirurgião pediátrico, professor, pesquisador e palestrante

Esta expressão "novo normal" entrou para o glossário da pandemia. Como se a vida daqui para a frente fosse algo bem diferente da que tivemos até hoje. Como se a própria condição humana fosse mudar e precisássemos de outras bases para continuar existindo.

Esta divagação não leva em conta a premissa de que é natural para o ser humano adaptar-se e passar por transformações em sua rotina. Todo dia é um "novo normal". Todo dia alguém casa ou se separa, ganha um emprego novo, muda de cidade ou ganha um filho.

Em meados dos anos 1980, quando surgiu a Aids, as pessoas tiveram que adotar comportamentos diferentes com relação à sexualidade, poucos anos depois da liberalização de costumes que resultou da criação da pílula anticoncepcional e das mudanças comportamentais. As novas atitudes de prevenção ao HIV passaram então a ser um "novo normal", mas que atualmente são absolutamente normais.

Hoje temos que usar máscaras, cumprir regras de distanciamento social e manter o cuidado com protocolos de higienização. Mas se aparecer a tão sonhada vacina ou se a situação melhorar, como aconteceu na epidemia de microcefalia por zika vírus, teremos um novíssimo normal ou a volta ao velho normal?

Na verdade, o normal do ser humano é se adaptar, e a neurociência explica: o nosso cérebro, que surgiu em um ponto específico do planeta, ocupou todos os climas e ambientes que existem. Seja qual for o caminho para esse mundo que se apresenta, a mudança é algo constante, assim como a adaptação do ser humano a ela.

Somos capazes de viver da forma que for necessária para vencer a situação que este terrível vírus nos impõe. Nosso normal é continuar vivendo, nos relacionando e produzindo. Sendo humanos. 

 

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