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Catarina Rochamonte: Pandemia, democracia e liberdade
Opinião

Catarina Rochamonte: Pandemia, democracia e liberdade

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Catarina Rochamonte 
Doutora em Filosofia e vice-presidente do Instituto Liberal do Nordeste 
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Catarina Rochamonte Doutora em Filosofia e vice-presidente do Instituto Liberal do Nordeste

Desde o início da pandemia do coronavírus, ganharam fôlego exercícios de futurologia. É natural que seja assim, e algumas especulações são úteis no preparo do amanhã incerto. As extravagâncias, porém, não são poucas, e, nesse quesito, os socialistas são insuperáveis. Em geral, começam anunciando, pela milésima vez, o fim do capitalismo, que não seria capaz de passar pelo teste da Covid-19. Alguns, mais ousados, afirmam que o capitalismo é o responsável pela eclosão da doença e que a atual calamidade só será debelada com o advento do socialismo.

Os argumentos levantados nessas teses anticapitalista são vários, sendo um dos mais recorrentes aquele que afirma que o Estado liberal mostrou-se incapaz de disciplinar a população no cumprimento de normas sanitárias e incapaz de prover suficientemente as necessidades dos mais frágeis diante da situação de calamidade; coisa que seria realizado a contento pelo Estado socialista.

Quanto ao aspecto da disciplina, havemos de convir que Estados autoritários têm maior facilidade de a impor, porquanto lidam com um conjunto social mais homogêneo, horizontalmente submetido à servidão. De fato, nas democracias liberais, a disciplina coletiva é mais difícil. Ainda assim, há de se considerar que em alguns países democráticos a disciplina exigida para o enfrentamento da pandemia atingiu níveis de excelência, embora, em outros, como o Brasil, tenha ficado a desejar. Disso apenas se deduz que a liberdade com responsabilidade deve ser aprimorada; sendo sempre abominável a disciplina pela servidão.

Quanto ao aspecto da previdência social, da proteção dos mais frágeis, tal política não é apanágio do socialismo. A proteção e promoção sociais são políticas incorporadas pelas sociedades livres há bastante tempo, sendo que, a rigor, nunca foram de todo estranhas ao espírito liberal.

Qualquer que seja o método de ação governamental que se use para a proteção e promoção sociais, será preciso dinheiro e a economia de livre-mercado, ou seja, capitalista, provou-se a mais competente na produção de riquezas.

Desse modo, ao contrário do que pretendem os socialistas, o que o mundo da pós-pandemia haverá de requerer não será a extinção da economia de mercado, mas seu incremento; pois é preciso produzir a riqueza para poder distribuí-la. 

 

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