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Lidia Valesca Pimentel: A população em situação de rua e a dignidade
Opinião

Lidia Valesca Pimentel: A população em situação de rua e a dignidade

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Lidia Valesca Pimentel 
Doutora em Sociologia e membro do Fórum de Rua de Fortaleza
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Lidia Valesca Pimentel Doutora em Sociologia e membro do Fórum de Rua de Fortaleza

A população em situação de rua está dispersa por toda a cidade, invisível, e, às vezes é percebida, como nesse momento de pandemia, quando está exposta a sua vulnerabilidade num momento de tanta fragilidade para toda a sociedade. É composta pelos que usam o espaço público como moradia e sustento; uma diversidade humana formada por desalentados que não conseguiram voltar ao mercado de trabalho, usuários de drogas ameaçados por facções criminosas nas periferias, famílias sem moradia, pessoas com transtornos mentais; gente que vive a incerteza do dia seguinte numa luta constante pela sobrevivência.

Compreender a dinâmica de vida dos que vivem nas ruas exige um olhar sensível para perceber a sua complexidade e aquebrantar a sua invisibilidade é mais que perceber a sua presença. É, sobretudo, reconhecer a sua existência como sujeitos de direitos. Requer uma compreensão sobre as desigualdades, a extrema pobreza existente no Brasil e suas consequências para as relações sociais, fragilizando os vínculos que as mantém. Necessita de toda a sociedade, especialmente do poder público, uma sensibilidade para perceber a sua humanidade, suas histórias de vida, seus deslocamentos, as idas e vindas entre a casa e a rua, da periferia para as regiões centrais.

Desde 2009 quando foi instituída a Política Nacional para a População em Situação de Rua, o Fórum de Rua de Fortaleza, composto por organizações da sociedade civil e dos poderes públicos, vem numa luta permanente para a garantia de direitos da população de rua. Em suas pautas está o enfrentamento à discriminação e o estigma de morar na rua, a luta pelos direitos a cidade, a moradia, a equidade no atendimento da saúde, o acolhimento digno e a segurança alimentar. As organizações que compõem o Fórum vêm alertando para a urgência da realização de um censo que possa retratar a realidade da população de rua e tensiona os governos municipal e estadual para a superação das visões higienistas e o compromisso com uma política pública inclusiva na garantia da dignidade humana. 

 

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