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O novo normal da criminalidade
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Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO

Daniel Maia opinião

O novo normal da criminalidade

Tipo Opinião
Daniel Maia
Advogado, doutor em Direito e professor da UFC
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Daniel Maia Advogado, doutor em Direito e professor da UFC

A pandemia do coronavírus trouxe novos hábitos e realidades em vários setores da vida cotidiana. Empresas se adaptaram ao home office, reuniões, aulas e palestras passaram a ser realizadas de modo online; compras feitas pela internet se intensificaram e muitos mais dos atos que eram feitos presencialmente passaram a ser realizados via internet. Esse cenário passou a ser chamado de "novo normal".

Ocorre que para os criminosos, em especial os bandidos do crime organizado, o "novo normal" já se iniciou há muito tempo, pois esses bandidos tem investido pesado na migração de suas atividades criminosas presenciais para as que podem ser feitas virtualmente.

Nota-se a diminuição dos crimes violentos, como homicídio, sequestro, e do conhecido latrocínio, mas há um significativo aumento dos crimes cibernéticos, das fraudes e dos estelionatos.

A bandidagem percebeu que é mais barato e lucrativo investir em curso de tecnologia da informação e capacitar um bandido para se tornar um clonador de cartões ou um fraudador de sistemas bancários do que executar um sequestro, por exemplo, em que além do diverso número de bandidos necessários para fazer o crime ainda se tem enorme dificuldade em se receber o resgate.

Disso se tira três conclusões: a) não existe motivo para se comemorar quando o governo apresenta números destacando que a criminalidade está controlada ou diminuindo. Na verdade, ela, criminalidade, está apenas migrando de setor; b) a polícia, em especial a polícia civil, precisa ser equipada e treinada para o combate dessa nova criminalidade cibernética; c) a legislação criminal precisa evoluir tornando crimes algumas condutas que ainda não são incriminadas pela lei e principalmente aumentando a pena de crimes cibernéticos, as quais são extremamente baixas atualmente.

Assim, tem-se que ou o Estado acorda para o novo normal da criminalidade e para de apresentar números ilusórios ou todos nós estaremos cada vez mais expostos a riscos que ainda não temos a noção de quão perigosos podem ser. 

 

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