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Jornal do Leitor: O fardo do homem negro
Opinião

Jornal do Leitor: O fardo do homem negro

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Desde os porões dos navios negreiros nosso sangue era derramado, vi partir meu pai, minha mãe e um dia também parti. Nos porões dos navios conduzidos por brancos, vi a negritude de minha etnia se desfazer através dos oceanos. Meu povo viajou para diversos países, mas de "classe econômica", sem nenhum direito. Vi muitos dos meus morrerem ao meu lado. De homens livres viramos escravo, sem família, sem cultura, sem religião, sem lenço e sem documento. Ajudamos com nosso trabalho construir impérios, os quais nunca vamos poder fazer parte. Hoje, várias décadas depois, ainda sinto o estalar do chicote em minhas costas, o escárnio que envergonha, o insulto que humilha, a pólvora assassina e o silêncio que apavora. Apesar das inúmeras conquistas do meu povo o preconceito ainda resiste em uma sociedade doente, onde o preto é ladrão e o branco é cidadão. Precisamos respirar novos ares, precisamos resistir e nos curar para uma nova história contar.

 

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