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Wagner Pires: Universidade: mais democracia e direitos
Opinião

Wagner Pires: Universidade: mais democracia e direitos

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Quando Bolsonaro foi eleito, não se tinha a ilusão de que as universidades federais passariam ilesas sob um governo autoritário, neoliberal no nível mais regressivo em direitos e defensor de um conservadorismo patológico.
O Ministério da Educação (MEC) acabou ocupado por fundamentalistas do bolsonarismo, que começaram de forma tumultuada e depois passaram a realizar cortes profundos no orçamento das universidades. Depois, o Future-se foi apresentado como um plano que atrelava a universidade à iniciativa privada, desfigurando-a totalmente.
A tática na Educação reproduz a estratégia de Bolsonaro: exterminar os sujeitos históricos que eles entendem como estorvo, como negros(as), pobres, indígenas, quilombolas e tudo o que possa ser visto como “esquerda”.
Mas a autonomia universitária sempre foi um entrave para as tentativas de intromissão do governo. Seria preciso que alguém de dentro, mesmo sem representatividade, abraçasse a completa desfiguração da educação superior, minando a democracia para impor uma universidade vazia de compromisso social.
Exemplo disso é o interventor da UFC, que tem desconstruído mecanismos de participação social e deslegitimado representantes da comunidade universitária, como faz quando ataca a autonomia do movimento estudantil.
Além disso, procura submeter a UFC aos interesses empresariais e promove um permanente mise-en-scène político bastante descolado da realidade vivida. As decisões sobre programas e eventos e os atropelos diante da pandemia indicam que a falta de legitimidade persiste.
Sob seu domínio, o direito ao debate público e diverso tem sido ceifado na UFC. Segmentos divergentes são sistematicamente excluídos dos órgãos colegiados deliberativos.
A UFC é maior do que isso. Deve estar a serviço de todas(os), prosseguindo na inclusão social, na integração regional e na transformação da realidade para promover direitos. O mesmo vale para a Unilab e para outras instituições sob intervenção.
Para isso, todos os setores sociais que lutam contra o reacionarismo atual também devem defender o restabelecimento da democracia na UFC, pois um projeto de universidade socialmente referenciada só pode ser construído com a participação do conjunto da população.

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