Quem acreditou na versão "paz e amor" do presidente Jair Bolsonaro caiu, mais uma vez, do cavalo. Ele até que vinha controlando bem seus arroubos autoritários e desrespeitos, mas eis que um repórter do jornal O Globo resolveu tirar uma dúvida que não é só dele, é de todo um País. Afinal, por que a primeira-dama Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz? Vale lembrar que ele é ex-assessor do filho Flávio Bolsonaro e está sendo investigado no esquema de "rachadinhas" da Assembleia Legislativa do Rio.
O presidente tinha duas alternativas nessa situação: dar uma nova versão para o caso ou simplesmente não responder. É direito dele ficar calado. Entretanto, essas duas palavrinhas, Fabrício Queiroz, funcionam como gatilho e expõem um Bolsonaro sem máscaras, real. Logo, brutal. Sem nenhum constrangimento, ameaçou espancar o jornalista. "Minha vontade é encher tua boca na porrada".
Uma atitude que, assim como muitas outras, não condiz com a relevância do cargo que ocupa. Merece ser investigada e punida com o rigor que a lei estabelece. Quem não aceita a liberdade de imprensa, elemento fundamental da nossa democracia, não tem condições de comandar um país. Comportamento vergonhoso que não pode ficar impune. E olha que essa não é a primeira fala agressiva do presidente, mas percebamos que o nível dos ataques só aumenta. É a impunidade que faz Bolsonaro achar que tudo pode, que não precisa dar satisfação de nada, que é dono da razão e da verdade.
Mas se Bolsonaro acha que sua truculência irá calar ou amedrontar a imprensa, está redondamente enganado. A repercussão da fala foi enorme, e agora milhões de pessoas estão fazendo a mesma pergunta em redes sociais e rodas de conversa: "Presidente, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?". Estivesse o chefe do Executivo tranquilo em relação ao assunto, agiria da mesma maneira? Obviamente que não. A raiva que Bolsonaro emprega nas palavras é proporcional à gravidade que esse escândalo tem, e aos efeitos negativos que ainda podem provocar à sua imagem. Conheceremos a verdade. E ela haverá de nos libertar.