Bell hooks nos convence da necessária e constante resistência ao patriarcado. A reflexão que se pede não é sobre se as mulheres podem candidatar-se. Elas podem, desde o Código Eleitoral de 1932. A conversa é outra: é sobre participação efetiva, possibilidades e representação.
A procura de respostas é necessária para que a participação feminina, exigida em lei, não seja um faz de conta que mais pode atrapalhar a vida: de início, é importante saber o que o partido oferece às candidatas, se há suporte técnico-jurídico e contábil e quais as responsabilidades das partes. Como o partido político vê a participação feminina na política? Essa procura tem o objetivo único de preencher as cotas exigidas? Quais os critérios para distribuição de recursos financeiros?
O empoderamento feminino que se prega aos quatro ventos não cabe mais em promessas vazias e não suporta que por falta de esclarecimento algumas mulheres se deixem figurar como candidatas para reforçar ações machistas ou masculinas em excesso. O universo político-partidário é masculino, mas não precisa sê-lo. A informação sobre os direitos e deveres de candidatas é importante, assim como entender que essa participação é uma concorrência típica de um processo eleitoral. Bell hooks afirma em seu livro O feminismo é para todo mundo que não há de se reforçar a inimizade entre homens e mulheres, mas afastar o sexismo presente entre todas e todos. Reconhecer candidaturas femininas reais é um passo, mas antes disso importa considerar que a participação e a educação política devem ser distribuídas cotidianamente às mulheres, assim como consciência, estratégia, organização, segurança, confiança e noção de representação.