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Alex Araújo: Os desafios do emprego na retomada
Opinião

Alex Araújo: Os desafios do emprego na retomada

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Tipo Notícia Por
Alex Araújo 
Economista
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Alex Araújo Economista

A pandemia da Covid-19, além da crise no sistema de saúde, provocou uma crise gêmea na economia, afetando empresários e trabalhadores com a destruição de patrimônio e renda.

A economia capitalista, baseada nos princípios da venda da força de trabalho e aquisição de produtos no mercado, requer um fluxo constante de produção, que foi bruscamente interrompido com as medidas de distanciamento social impostas para conter a propagação da pandemia.

Ainda que o sistema de estatísticas do mercado de trabalho não esteja plenamente restabelecido, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, Pnad Contínua, do IBGE, mostra que 11,2 milhões de ocupações foram perdidas no Brasil entre o último trimestre de 2019 e o segundo trimestre deste ano, dando uma dimensão do enorme desafio que será reativar o mercado de trabalho no País.

Os públicos mais afetados foram os de empregados do setor privado, com 6,7 milhões de ocupações perdidas, e os trabalhadores por conta própria, com 3,0 milhões de ocupações perdidas no período. No Ceará, perdemos 625 mil ocupações, sendo 374 mil empregados do setor privado e 150 mil trabalhadores por conta própria.

A quebra do sistema básico de funcionamento da economia - o trabalho gera renda, que permite o consumo, que produz novas oportunidades de trabalho - criou uma capacidade ociosa que precisa ser plenamente ocupada, antes que o mercado de trabalho volte à sua normalidade, daí a importância da manutenção do auxílio emergencial por mais alguns meses.

De forma complementar, iremos necessitar de medidas microeconômicas de apoio aos negócios, principalmente as que auxiliem na redução da necessidade de capital de giro (pagamento de impostos e obrigações) e ampliem o crédito.

Finalmente, a pandemia nos lembrou da necessidade de enfrentar as questões estruturais do mercado de trabalho nacional, que vem convivendo com uma crescente precarização e com baixo nível de incorporação de tecnologias que ajudem a aumentar a produtividade.

A agenda é urgente e requer o máximo de atenção. 

 

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