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Eliziane Colares: O Brasil não é para amadores
Opinião

Eliziane Colares: O Brasil não é para amadores

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Eliziane Colares, publicitária, empresária e sócia da Advance (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Eliziane Colares, publicitária, empresária e sócia da Advance

A onça pintada inerte, exaurida na sua luta contra as chamas da floresta, com as patas queimadas é o troféu da vitória do desprezo ao meio ambiente no Brasil. Talvez ela ainda sobreviva. Talvez possamos dizer que ela teve a sorte de ser socorrida a tempo. Esse é apenas um recorte das muitas imagens trágicas dos animais carbonizados e muitos ainda em luta pela vida, correndo sem saber bem pra onde, cegos e intoxicados pela fumaça, em meio ao calor escaldante, sem água e sem comida. Para se ter uma ideia do estrago, some a área das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo e multiplique por dez. Essa é a conta dos dois milhões de hectares já destruídos e que podem se tornar deserto.

Mais ao norte, na Amazônia, muitas outras frentes de destruição seguem. Invasões de terras indígenas, desmatamento ilegal, mais fogo e mais vítimas. Uma operação altamente lucrativa, já que após o desmatamento e as queimadas, as terras não são mais floresta e são vendidas com uma boa valorização. Onde estão os órgãos que deveriam fiscalizar, prender e punir os criminosos? Parecem estar estrategicamente desmontados. Além de perdermos nossas riquezas naturais e comprometer o turismo ecológico, os investidores internacionais que não querem correr riscos em países instáveis e sem preocupações de compliance, dão adeus ao Brasil.

Do lado da tragédia da Covid, alcançamos a marca de mais de 130 mil mortos no Brasil, sem contar as subnotificações. Enquanto países europeus que tiveram seus picos trágicos antes de nós, já divulgam uma segunda onda de contaminação provocada pelo relaxamento de seus habitantes aos protocolos de proteção, o que vemos por aqui? Praias e festas lotadas, muita gente sem máscara e os anticiência fazendo passeatas pelo direito de não se vacinar. Quanto mais se negligenciar o engajamento da população aos protocolos de proteção, mais contaminações, mais mortes, mais custo social e mais a economia, já tão fragilizada, terá dificuldade de reagir.

A realidade é que o Brasil e o mundo estão com enormes desafios pela frente e não resolveremos problemas tão complexos com soluções amadoras. 

 

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