A empatia é a aptidão para se posicionar no lugar do outro antes de julgá-lo. Por ela se alcança melhor compreensão de como o outro sente ou vê uma dada situação. Ela amplia a visão e modera a tendência de emitir juízos rápidos e levianos, por vezes ideias prontas colhidas por aí, não produzidas pela própria reflexão.
A pessoa empática reconsidera sua opinião quando se descobre equivocada. Isso não lhe causa vergonha, senão alegria, pois aperfeiçoa sua apropriação da verdade. A empatia ainda facilita a vivência da solidariedade e do civismo e promove maior respeito pelos demais.
Na política, os juízos taxativos, radicais e superficiais decorrem também de falta de empatia. Por exemplo, um opositor ao Governo Federal que julga como fascista uma idosa que votou em Bolsonaro, só por isso, está muito longe da realidade. Caso vivesse a empatia, descobriria que ela, como a maior parte dos cidadãos, votou nele por aversão ao PT, e não por ser fascista. Por outro lado, se esse que julga a velhinha como tal, não reconhece crimes praticados pelo ex-presidente, não está vivendo com ele a empatia, senão a condescendência, que já não é virtude, senão vício. Um juízo empático acerca de Lula reconheceria atributos positivos dele, sem desconsiderar sua conivência com a corrupção.
Mas, também quem exercita a empatia pode falhar. Porque os critérios seletivos e os dados escolhidos, mesmo corretos, podem ser inadequados para formular um juízo adequado ao contexto. Para captar melhor isso, tente escrever três histórias sobre si, cada uma segundo um estilo: drama, comédia e romance. Você selecionará acontecimentos diversos, reais, para gerar cada um dos estilos. Na verdade, passou por todas as situações, mas montou três narrativas diversas. Qual delas expressa melhor a história de sua vida?
Essa experiência mostra que sempre podemos reconfigurar e rever narrativas, para aperfeiçoar a interpretação da realidade. Isso é libertador. Nesse sentido, se o seu juízo sobre a atuação de um dado governo é sempre negativo (ou positivo), desconfie de si. Viva a empatia e dê-se a chance de repensar. Liberte-se.