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José Maria Porto Magalhães Sobrinho: O cenário econômico e o amanhã das empresas
Opinião

José Maria Porto Magalhães Sobrinho: O cenário econômico e o amanhã das empresas

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José Maria Porto Magalhães Sobrinho
Economista e consultor empresarial
 (Foto: O POVO)
Foto: O POVO José Maria Porto Magalhães Sobrinho Economista e consultor empresarial

Apesar do fim do lockdow em praticamente todos os estados brasileiros, a situação da economia e, consequentemente, da maioria das empresas brasileiras merecem muita atenção. Apesar dos indicadores macroeconômicos como inflação e taxa de juros estarem num patamar bastante favoráveis, preocupa e muito a situação fiscal da maioria dos estados. A "ressaca fiscal" para o ano que vem pode ser maior do que se imagina e coloca em risco a capacidade de investimento dos governos estaduais e do Governo Federal de funcionarem como mola propulsora para o incremento de renda e geração de empregos para mais de 13 milhões de desempregados. Sem contar que a aprovação das reformas administrativa e tributária não está no ritmo adequado, isso sem falar nos projetos de privatização que fariam caixa para o governo e que parecem cair por água abaixo.

Nesse cenário as grandes empresas conseguiram sobreviver no pico da crise porque algumas tiveram caixa suficiente para bancar suas despesas operacionais e/ou foram ao mercado captar recursos por meio da emissão de debêntures e notas promissórias.

No entanto, é preocupante a situação das micro e pequenas empresas (MPEs). Para as MPEs, que respondem por mais da metade dos empregos formais no Brasil, o presente e o futuro são de pura resiliência. Os setores do comércio e serviços foram altamente impactados pela pandemia. Escapou quem já tinha expertise no e-commerce e alguns setores específicos. Muitas fecharam suas portas e dificilmente voltarão a abri-las, bares e restaurantes são exemplos disso.

A solução não vem só da política monetária. A taxa juros praticada pelo mercado tem um custo efetivo absurdamente maior do que a Selic de 2% a.a., principalmente nas operações mais usuais, como capital de giro e desconto de títulos. O estímulo ao crédito por parte do Governo Federal e, principalmente, a desburocratização (não confundir com crédito irresponsável) ainda será preciso para 2020 e para o próximo ano. Setores importantes da economia não podem ser deixados de lado. Um grande exemplo disso é o setor da construção civil que emprega milhões de pessoas e está há cerca de quatro anos andando de lado. A construção civil em todos os segmentos faz uso de mão de obra intensiva e responde por toda uma cadeia produtiva também geradora de milhares de empregos. 

 

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