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Vilmar Ferreira: Renda das famílias e crescimento sustentável
Opinião

Vilmar Ferreira: Renda das famílias e crescimento sustentável

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Vilmar Ferreira 
Empresário e presidente do Grupo Aço Cearense
 (Foto: Jarbas Oliveira/Divulgação)
Foto: Jarbas Oliveira/Divulgação Vilmar Ferreira Empresário e presidente do Grupo Aço Cearense

A maioria dos empresários e economistas estão otimistas para um crescimento do PIB acima de 3% em 2021. Na minha avaliação, um percentual abaixo de 1% não seria surpresa. Enquanto não tivermos um governo que entenda a importância de elevar a renda das famílias mais pobres jamais sairemos desta duradoura crise (hoje 90% da população ganha menos de três salários mínimos). Essa é a única base para uma demanda de consumo que gere um crescimento econômico sustentável.

Com a grande maioria da massa mais pobre ganhando um salário digno, a nossa economia cresceria substancialmente, convergindo para a geração de empregos; para o interesse do investidor estrangeiro; para a queda da inflação pela inevitável valorização do Real (nos últimos governos, a inflação tem sido controlada só pelo processo recessivo, uma péssima ideia); e, por fim, a arrecadação dos tributos seria elevada, com expressivos repasses da União para estados e municípios.

A dificuldade é que nenhum famoso economista e nenhum grande empresário do setor produtivo ainda não se atentou que o crescimento do País na década passada se deu pelos robustos aumentos reais do salário mínimo, na média anual de 6,8%, entre 2003 e 2010. Para se ter ideia, o salário mínimo em dólares nesta época teve incremento de 529%, saindo de US$ 57 em 2002 para US$ 302 em 2010.

Não restam dúvidas de que os custos com os aumentos reais do salário mínimo se elevariam, porém, o retorno para o setor produtivo seria pelo menos duas vezes maior, movido pelo crescimento do consumo e pela redução dos custos com o volume crescente dessa demanda. Cairiam também os custos com logística graças às novas condições do governo ao investir em infraestrutura, e os preços dos combustíveis, com a valorização do Real. Para estados e municípios, o retorno seria bem superior devido ao incremento das arrecadações do ICMS e do ISS, bem como a expansão dos repasses da União. Para o Governo Federal seria ainda mais expressivo em decorrência da expansão das arrecadações tributárias e previdenciárias. Apenas as contribuições das Previdências pública e privada já cobririam os respectivos custos, com significativo aumento do recolhimento de tributos como IPI, PIS, Cofins e IR.

A Selic está no menor patamar de todos os tempos. No entanto, os juros para cartões de crédito estão assaltando quem já ganha um pífio salário e assassinando a nossa economia. O auxílio emergencial tem sido um sucesso para o aumento da demanda de consumo. Isso é a prova viva das minhas considerações. Se o atual aumento do consumo fosse por conta da queda da Selic ao invés do auxílio emergencial, o crescimento nas regiões Centro Oeste, Norte e Nordeste não teria sido bem superior que no Sul e Sudeste.

O que foi feito com os R$ 103 bilhões das privatizações em 2019? E com mais de US$ 50 bilhões de nossas reservas cambiais usadas neste governo? O que justificaria os recordes de fugas do capital estrangeiro do Brasil? Se alguém souber do cumprimento de alguma das promessas mirabolantes do "super ministro" Paulo Guedes, por favor me informe. Confesso não ter nenhum conhecimento a respeito. 

 

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