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Jornal do Leitor: Populismos de direita na Era Digital
Opinião

Jornal do Leitor: Populismos de direita na Era Digital

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Em uma época cujos usuários e dados digitais são muito cobiçados pelas empresas globais, a ascensão dos populismos autoritários no mundo mostra que governos também são seus cobiçadores e focam nas redes sociais e na ciência para análise de big data.

O cientista político Yascha Mounk, na obra O povo contra a democracia, aborda sobre as diferentes razões do crescimento dos populismos de direita e autoritários, também das crises da democracia liberal em vários países do globo. Uma das principais citada por ele e por outros autores, como o jornalista italiano Giuliano Da Empoli - em seu livro Os Engenheiros do Caos -, é o uso de redes sociais na disseminação de mensagens de fake news, desinformação, discursos de ódio e teorias da conspiração para afetar eleições.

Da Empoli cita a Cambridge Analytica, empresa privada de análise de dados e estratégia para eleições, como importante para a eleição de 2016 do norte-americano Donald Trump. A empresa prestou análise de dados sobre estratégias políticas, como: a ressalva para a reprodução de discursos de ódio e desinformação. A empresa falhou ao prestar serviços ilegais e antiéticos. Brittany Kaiser, ex-funcionária da empresa, afirmou em entrevista à revista Veja (janeiro/2020) que a campanha eleitoral do presidente Bolsonaro utilizou técnicas muito semelhantes às utilizadas na de Trump.

Além das empresas globais, governos também têm utilizado data science e big data para tomarem decisões, monitorarem a satisfação do eleitorado e escolherem qual é o próximo escândalo que devem criar para afetar as emoções mais extremas - como ódio e ressentimento - dos eleitores.

Não obstante, o contratempo não está nas mídias sociais, algoritmos, big data, nem na ciência de dados. Está no uso inadequado por pessoas potencialmente capazes de envenenar os bons processos eleitorais que são aqueles pautados, diria Mounk, no exercício da democracia.

 

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