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Dayane Nayara Alves: A vida e o Setembro Amarelo
Opinião

Dayane Nayara Alves: A vida e o Setembro Amarelo

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Dayane Nayara Alves
Advogada, perita judicial e mestre em Direito Econômico e Desenvolvimento 
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Dayane Nayara Alves Advogada, perita judicial e mestre em Direito Econômico e Desenvolvimento

Em 29 de julho de 1890, aos 37 anos, na cidade de Auvers, França, o artista Vincent Van Gogh partiu precocemente. O pintor amava cores vivas, retratou a natureza, sobretudo, girassóis e ciprestes. Contudo, sua mente permanecia sem cor em virtude de suas tristezas. Naquela época, a depressão era diagnosticada como "loucura" atribuída à ausência de Deus ou de propósito de vida.
Noutro continente, D. Maria I, conhecida como “a rainha louca”, faleceu, em 20 de março de 1816, na cidade do Rio de Janeiro. Destaca-se que a rainha obteve melhoras em suas faculdades mentais após realizar uma viagem de barco prescrita por seu médico Thomas O’ Neill. Mary Priori, no livro D. Maria I, acentua que, no receituário desta, existia a frase de Fernando Pessoa: "Navegar é preciso".
Em paralelo, Paula Acioli, no livro A culpa é do Rio, define que a praia e o mar foram recursos terapêuticos utilizados como tratamento contra os surtos de loucura de D. Maria I. De fato, muitos brasileiros associam o banho de mar à limpeza da alma. Nessa perspectiva, o cantor Nando Reis cantarola “quando a gente fica em frente ao mar a gente se sente melhor”. Por isso, muitos recorrem ao mar quando estão angustiados.
Infelizmente, no ano de 2020, há quem associe a depressão à loucura ou à preguiça. O julgamento, considerado pelo papa Francisco como "um mal pior do que a Covid-19", seria um verdadeiro instrumento de dor; pela falta de empatia. Recentemente, o caso Mariana Férrer, violentada enquanto trabalhava, ganhou amplo debate. Alguns não compreenderam sua dor e julgaram-na.
Gabriel Garcia Márquez, na obra Cem anos de solidão afirma: "enquanto houver flores amarelas nada de ruim pode acontecer". Segundo Carlos Drummond de Andrade, "chega um tempo que não adianta morrer, chegou um tempo que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação". Portanto, sejamos flores amarelas na vida de todos que nos cercam.

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