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Zoara Failla: Os desafios da leitura no Brasil
Opinião

Zoara Failla: Os desafios da leitura no Brasil

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Zoara Failla 
Coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil e gerente executiva de projetos no Instituto Pró-Livro 
 (Foto: Daniela Ramiro/Divulgação)
Foto: Daniela Ramiro/Divulgação Zoara Failla Coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil e gerente executiva de projetos no Instituto Pró-Livro

Os brasileiros estão lendo mais em relação a 2015? Minha resposta é: sim e não! Podemos olhar para o lado cheio do copo e dizer que 52% foram classificados como leitores de livros, e mesmo com redução sobre os 56% de 2015, a média de livros lidos em três meses ficou estável, de 2,54 para 2,60. Entre crianças de 5 a 10 anos, houve variação positiva, de 67% para 71%. Já nas demais faixas etárias, vimos estabilidade, com queda mais expressiva entre 14 e 18 anos, de 75% para 67%. O recuo também aparece entre estudantes, mas um dado que pode ser visto é a elevação de 82% para 86% no número de leitores que estavam estudando no momento da pesquisa e que completaram o ensino fundamental I. Houve redução entre estudantes do fundamental II (de 84% para 75%) e no nível superior (de 91% para 86%).

Em relação aos livros lidos, caiu o número de leitores de livros em geral e livros inteiros no nível superior, mesmo mantendo o número médio de livros lidos. Segundo os analistas, o uso do tempo livre pode explicar o resultado. De acordo com a pesquisa, 86% desses leitores usam com frequência o WhatsApp (76% em 2015) e redes como Facebook, Instagram ou Twitter também parecem roubar o tempo dos livros, pois foram citadas por 64% dos que tinham nível superior. E na faixa etária entre 5 e 10 anos, assistir vídeos ou filmes em casa (71%) perde apenas para assistir TV (82%) e escrever (75%).

Outro ponto é a população com 5 anos ou mais que diz não ter dificuldades para ler. Ela se manteve em 33% nas duas últimas edições, mas era de 48% em 2011. Analisando as dificuldades de não saber ler, ler devagar, não compreender o que lê, não ter paciência e não ter concentração, 55% dos brasileiros apresentam alguma dessas limitações. Ampliar os leitores depende de garantir a plena alfabetização ou o letramento da população. Estamos longe de ser uma nação leitora e os 48% de não leitores mostram a necessidade de melhorar esses indicadores e elevar o patamar de desenvolvimento social e humano do País e a nossa posição em relação a indicadores internacionais, como o Pisa. No ranking de proficiência em leitura, composto por 77 países, o Brasil é o 57º. Saber porque 48% dos brasileiros não lê, e porque 23% deles leem apenas trechos de livros pode revelar caminhos para superar barreiras e melhorar esse retrato. 

 

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