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Eduardo Girão: STF: vergonha nacional?
Opinião

Eduardo Girão: STF: vergonha nacional?

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Tipo Notícia Por
Eduardo Girão
Senador do Ceará (Podemos)
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Eduardo Girão Senador do Ceará (Podemos)

O pacifista Martin Luther King Jr. tem uma frase que há tempos me inspira: "Uma injustiça em algum lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar". E isso está acontecendo onde justamente não poderia ocorrer de jeito nenhum: na Suprema Corte brasileira. Numa democracia, o povo escolhe seus governantes e legisladores, mas tem pouquíssimo poder de interferir no Judiciário. Portanto, o mínimo que se poderia esperar dos magistrados é que tivessem o mais apurado senso de justiça, o que não acontece em nosso Supremo Tribunal Federal (STF), em que apenas 11 ministros têm o dever de exercer o papel de guardiões da Constituição e atuar com imparcialidade nos julgamentos. Mas as decisões esdrúxulas deles transcendem e chegam ao ponto de zombar da inteligência dos cidadãos.

Um exemplo é o que vem ocorrendo na 2ª Turma do STF. Em menos de 30 dias, ocorreram quatro julgamentos em favor do crime. E sempre a mesma situação: de um lado, dois votando pela manutenção da condenação ou a continuidade da persecução penal, e do outro, dois privilegiando criminosos com grande poder político e econômico. O primeiro foi a exclusão da delação de Palocci na ação penal contra Lula. O segundo foi a anulação da sentença que condenou o doleiro Paulo Roberto Krug, pelo desvio de bilhões de reais no escândalo do Banestado. O terceiro foi a suspensão da ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro do ex-senador e ministro do TCU Vital do Rêgo. E o último foi o que retirou da 13ª Vara Federal de Curitiba e remeteu para Brasília a ação penal contra os ex-senadores Romero Jucá e Valdir Raupp.

Esses estranhos "empates" fizeram o ministro Edson Fachin protestar e dizer que o bom senso pedia para que a turma fosse recomposta antes de continuar tais julgamentos. Lógico! Mas a corresponsabilidade e - eu diria até - a conivência por isso estar acontecendo são nossa, dos senadores. Sim, porque são nada menos do que 22 pedidos de impeachment de ministros do STF paralisados na Presidência do Senado, e boa parte "coincidentemente" é de dois dos que votaram pela absolvição dos réus na 2ª turma...

A população assiste estarrecida esse jogo de cartas marcadas, onde um Poder protege o outro e vai desacreditando cada vez mais essas duas fundamentais Instituições brasileiras. No STF e no Senado, existem homens e mulheres comprometidos com a Justiça. É hora de separar o joio do trigo. Paz e bem. 

 

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