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Chrystina Barros: Onde estamos na história da Covid-19?
Opinião

Chrystina Barros: Onde estamos na história da Covid-19?

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Chrystina Barros
Pesquisadora do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde/ COPPEAD/ UFRJ
 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Chrystina Barros Pesquisadora do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde/ COPPEAD/ UFRJ

Vivendo a realidade Covid-19 desde março, o Brasil segue em seus próprios tropeços no aprendizado sobre esta doença, aliás, aprendendo com o mundo inteiro. Sofremos com as mazelas da biologia e efeitos colaterais na economia, psicologia e toda a estrutura da sociedade. Seguimos juntos procurando por uma mesma vacina, apesar das diferenças de condições e estágios da pandemia em todo o planeta. Mas afinal, por aqui, onde estamos nesta história?

Temos visto notícias vindas da Europa, que dão conta de uma segunda onda da doença. De fato, ela ainda se espalha, mas hoje testamos mais. Assim, os números de óbitos parecem diminuir proporcionalmente ao mesmo tempo que a medicina aprende a cada dia como cuidar melhor dos seus pacientes.

Vale lembrar também que países europeus viveram há pouco o verão. Isso fez com que a população, cansada de restrições e naturalmente mais reclusas em invernos mais rigorosos do que por aqui, foram às ruas e protagonizaram cenas de maus comportamentos, fundamentalmente responsáveis por este aumento de disseminação. Alguma semelhança com nossos comportamentos em todo o País?

Infelizmente seguimos com esferas governamentais que não se falam. Seguimos com corruptos e corruptores em diversos governos estaduais e municipais pelo País, com falcatruas e descobertas de verdadeiros crimes contra a humanidade, que exploraram o erário público desviando verbas que poderiam ter salvado vidas se tivessem sido usadas com honestidade e boa gestão.

Talvez estejamos perdendo a chance de nos anteciparmos a compras de seringas e agulhas para uma vacina que está prestes a sair, nos dando ao luxo de discutir por aqui se ela será ou não compulsória com um grande viés político. De maneira hipócrita, valorizamos a liberdade individual exatamente onde ela deixa de ser um direito e passa a ser um dever, o de cuidar da saúde da coletividade. E em meio a estas esquizofrenias, vamos seguindo como passageiros contando com Deus, que parece ser brasileiro. Mas até ele deve estar cansado e precisamos fazer a nossa parte.

Esperamos ter em breve uma vacina, mas que ela venha antes nos injetar bom senso, humanidade e respeito. A Covid-19 requer que aprendamos a viver em coletividade e a resgatar bons valores. Afinal, qual o valor da saúde e educação? Que fique o aprendizado de onde de fato precisamos investir. 

 

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