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Violência contra a mulher na pandemia
Opinião

Violência contra a mulher na pandemia

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Leila Paiva é Advogada e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/CE. (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Leila Paiva é Advogada e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/CE.

A recomendação foi geral, no mundo todo: ficar em casa é a melhor forma de se proteger. Infelizmente, essa não foi a realidade para muitas mulheres, que ficaram ainda mais vulneráveis no espaço que deveria ser de acolhimento.

A Organização Mundial da Saúde(OMS) estima que uma a cada três mulheres no mundo sofrem violência, na maioria das vezes perpetrada por um parceiro íntimo. Os números mostram um efeito grave da pandemia, o aumento de casos de violência doméstica em vários países - China (300%), França (30%), Espanha (20%).

O Brasil, em números absolutos, é o quinto país que mais mata mulheres no mundo. Os dados das secretarias de segurança e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública demonstram que estar mais próximas do agressor e ter menos acesso aos serviços de atendimento,aumentam a violência no isolamento social.

Mas a pandemia da Covid-19 descortinou uma realidade ainda mais cruel;a violência contra a mulher tem muitas faces, as vezes,pouco consideradas pelas políticas públicas.

As mulheres são a maioria em algumas das categorias profissionais economicamente mais vulneráveis aos efeitos da pandemia, como empregadas domésticas, faxineiras e diaristas. Não por acaso, a primeira vítima da Covid-19 no Brasil era uma empregada doméstica de 63 anos, diabética e hipertensa, que estava trabalhando. Tais profissionais ficaram impossibilitadas de cumprir o isolamento, já que as famílias não dispensavam os seus trabalhos mantendo a remuneração. Essa é uma outra face da violência no contexto doméstico que a pandemia revelou.

É preciso enfrentar seus efeitos na violência contra a mulher, considerando todas essas realidades, reconhecer as diversas faces da violência,novos canais de denúncia que considerem o fato da mulher estar em ambiente vulnerável e ampla divulgação dos direitos das mulheres, que são as maiores vítimas de violência no contexto doméstico. n

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