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Elizabeth Chagas: A Defensoria é inclusiva
Opinião

Elizabeth Chagas: A Defensoria é inclusiva

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Elizabeth Chagas
Defensora pública geral do Ceará 
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Elizabeth Chagas Defensora pública geral do Ceará

"Serei a primeira vice dos EUA, mas não a última", profetizou Kamala Harri, mulher negra eleita vice-presidente dos EUA. Essa frase é de uma importância histórica sem precedentes, porque amplia a conquista e noção de permanência de negros e negras, sobretudo das mulheres, no mercado de trabalho e nos espaços de poder.

No Brasil, existe um processo de hierarquização racial que impede homens e mulheres negras de ascender ao mercado de trabalho. É o racismo estrutural que explica: a discriminação está na raiz dos processos históricos e sociais e prejudica os negros em várias esferas da vida, inclusive a profissional. Tanto que pesquisas evidenciam que mulheres brancas têm uma vantagem salarial de 14% em relação às negras de mesma idade, escolaridade e local de residência. No caso dos homens, brancos ganham 13% a mais que os negros.

No mês que celebramos a Consciência Negra, a Defensoria Pública do Ceará inaugura uma importante política afirmativa com a reserva de 20% das vagas nos seus certames de defensores, servidores e estagiários para pretos e pardos. A medida visa enriquecer a instituição com o pluralismo da sociedade brasileira, diminuir as desigualdades e reconhece o racismo como questão estrutural a ser combatida.

Compromissada com os princípios constitucionais e imbuída em construir uma sociedade livre, justa e solidária, a medida assegura a representatividade, reforça a autoestima coletiva e rompe a lógica da exclusão social. Lembramos ainda que o Supremo Tribunal Federal julgou procedente e constitucional política de cotas étnico-raciais.

Relembro aqui a frase de Carolina de Jesus, quando ainda morava na favela, antes de se tornar uma das maiores escritoras negras do Brasil: "Não digam que fui rebotalho, que vivi à margem da vida. Digam que eu procurava trabalho, mas fui sempre preterida. Digam ao povo brasileiro que meu sonho era ser escritora, mas eu não tinha dinheiro para pagar uma editora".

Que os sonhos de outras Carolinas sejam cumpridos e consigamos, aos poucos, reparar esta questão histórica. Que as políticas de promoção da igualdade representem ampliem efetivamente a participação de negros e negras, com voz e vez, no acesso à justiça deste País. 

 

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