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Ilário Ferreira: Importante momento, sem ilusões
Opinião

Ilário Ferreira: Importante momento, sem ilusões

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Hilário Ferreira
Mestre em História, professor da UniAteneu e pesquisador da História e cultura negra cearense
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Hilário Ferreira Mestre em História, professor da UniAteneu e pesquisador da História e cultura negra cearense

Segundo o TSE a cada 10 prefeitos que foram eleitos no primeiro turno destas eleições, apenas três são negros. Dos mais de 5,4 mil, aproximadamente 1,7 mil candidatos se declaram pretos ou pardos, o que corresponde a 32,1% do total. Isto revela um pequeno aumento em relação as eleições de 2016, na qual 29,2% dos prefeitos eleitos no primeiro turno eram negros. Portanto, pela primeira vez desde que o tribunal passou a coletar informações de raça, em 2014, os candidatos brancos não representaram a maioria dos concorrentes às vagas eletivas.

Devemos comemorar? Sim e não. Por quê? Primeiramente, é preciso ter em mente que muitos dos que se auto proclamaram negros de fato não são. Alguns candidatos brancos alteraram sua cor com o objetivo de se apropriarem de uma política afirmativa conquistada pelo movimento negro organizado. Porém, há os que realmente são negros, entretanto é preciso que tomemos consciência de que não basta ter a pele negra sem a consciência e o compromisso de combate ao racismo. Entretanto, que seria o terceiro caso, há aqueles que realmente são negros e que fizeram a opção de assumir sua identidade e lutar para combater o racismo estrutural que tanto nos oprime.

Neste caminho é que podemos comemorar a eleição da Adriana do coletivo Nossa Cara aqui no em Fortaleza e os 58 quilombolas que foram eleitos em diversos estados do Brasil e Vilmar Kalunga que estará à frente da prefeitura de Cavalcante (GO) em 2021. Também, não podemos esquecer os que entraram no páreo e não se elegeram, caso da Professora Zuleide Queiroz que concorreu à prefeitura do Crato pelo Psol, da advogada e militante negra, feminista Martir Silva que se candidatou pelo PT à Câmara de Fortaleza, Perola de Oya e tantas outras e outros. Isso numa conjuntura em que se alimenta o ódio aos diferentes e se constrói mentiras para desqualificar a esquerda.

Tenho ciência de que ainda continuamos sub-representados politicamente, somos 56% da população brasileira. Ainda não é proporcional. Mas, houve um começo. n

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