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Custódio Almeida: Educação, pandemia e ano novo
Opinião

Custódio Almeida: Educação, pandemia e ano novo

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Tipo Notícia Por
Custódio Almeida
Professor de Filosofia da UFC
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Custódio Almeida Professor de Filosofia da UFC

O ano de 2021 já começou em janeiro, nada ficou para depois do Carnaval. Essa é uma frase, ao mesmo tempo, óbvia e estranha. Esse ano novo não pode deixar o ano passado para trás, pois precisa pagar tudo que o ano velho ficou devendo e, também, não terá direito às festas de Carnaval, porque a pandemia do coronavírus ainda não acabou. É com esse desafio que os sistemas de ensino no Brasil devem trabalhar a partir de agora. 2021 precisará ser generoso e flexível para acolher e realizar os objetivos de aprendizagem não concluídos em 2020 e abrigar todas as ações necessárias ao alcance desses objetivos.

Na educação básica, as instituições de ensino do Estado do Ceará receberam autorização do Conselho Estadual de Educação (CEE) para realizar atividades remotas e/ou híbridas até dezembro de 2021. O CEE publicou orientações e baixou normas complementares sobre a organização das atividades escolares durante a pandemia e sobre a extensão das atividades curriculares de 2020 para 2021, o que vem sendo denominado continuum curricular. No ensino superior, os calendários semestrais seguem normalmente em 2021, até que as atividades acadêmicas programadas para 2020 sejam concluídas.

Temos aprendido muito com a pandemia, compreendemos mais agora que as aulas tem infinitas possibilidades de realização, confirmamos que as tecnologias podem estar a serviço da educação, ocupando espaços, acabando com as distâncias e criando novas formas de aprender; professores e estudantes refizeram suas relações online e off-line, síncronas e assíncronas; demo-nos conta da importância das parcerias e compromissos comuns entre escolas e famílias; o tempo foi redimensionado; o "espaço escolar" ficou maior do que os prédios e ganhou múltiplos ambientes de aprendizagem. Também constatamos, com tristeza e indignação, as dificuldades de muitos dos nossos estudantes para acessar internet e outras tecnologias, escancarando as desigualdades sociais refletidas nas escolas e universidades. Com certeza, sabemos bem mais agora que educação não é simplesmente instrução e aquisição de conteúdos, é formação de competências, de habilidades e de valores, com conteúdos sempre carentes de atualização. A educação é processo contínuo e permanente e o calendário é um mero instrumento operacional. 

 

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