A infeliz declaração do presidente da República sobre a situação econômica brasileira demonstra mais uma vez o seu não entendimento da economia; e pelo mesmo já expressado em outros momentos. Fato já absorvido por parte significativa dos investidores internacionais, e agentes financeiros do mercado, que passam a não dar credibilidade às palavras proferidas pelo chefe da Nação. Dado que, na maioria das vezes, não tem refletido no comportamento da sua equipe econômica.
Para se considerar a economia de uma nação quebrada, em situações extremas, esta não teria capacidade de rolagem da sua dívida, ou seja, quando não se consegue captar no mercado para pagar o serviço e juros da dívida. Todavia, parte significativa do endividamento brasileiro está em reais, captado via tesouro pela emissão de títulos no mercado interno. Hoje a dívida bruta está em crescimento e pode chegar ao patamar de 90% do PIB. Apenas uma pequena parcela da dívida brasileira é no mercado externo e, em situação confortável, tem valor muito abaixo das reservas internacionais de quase US$ 360 bilhões. Garantindo forte proteção ao financiamento; além de gerar a possibilidade de novas captações.
Em situação extrema, se poderia até emitir moeda para o financiamento da dívida e consequentemente honrar os compromissos. O grande problema do nosso endividamento interno está no seu curtíssimo prazo de rolagem. E isso se deve, principalmente, as incertezas constantes sobre a economia brasileira e mais especificamente sobre sua situação fiscal. Situação fiscal essa que vem se deteriorando ao longo dos anos mais recentes, e ainda sendo agravada pela pandemia. Onde o governo foi levado a tomar medidas econômicas para conter a crise sanitária, o que levou a um déficit primário de mais de R$ 831 bilhões. E ainda com tendência de manutenção de déficits primários para os próximos anos, como o de 2021 já com meta de R$ 247 bilhões.
O grave problema nesse momento é a demonstração de estar sem rumo em relação a situação de crescimento do endividamento público. Dada a necessidade urgente de reformas estruturantes em relação aos gastos públicos, seja com reformas como: Estado, administrativa e tributária. Contudo, o governo não vem demonstrando capacidade de avançar com projetos e pautas reformistas no Congresso que garantam de forma efetiva a mudança desse cenário.