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Lilian Lopes Ribeiro: O auxílio emergencial acabou! E agora?
Opinião

Lilian Lopes Ribeiro: O auxílio emergencial acabou! E agora?

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Tipo Notícia Por
Lilian Lopes Ribeiro
Professora da UFC/Sobral e pesquisadora do Laboratório de Estudos da Pobreza - LEP
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Lilian Lopes Ribeiro Professora da UFC/Sobral e pesquisadora do Laboratório de Estudos da Pobreza - LEP

O auxílio emergencial implantado pelo Governo Federal no ano passado, em resposta a pandemia do novo coronavírus, chega ao fim cumprindo satisfatoriamente seu papel de programa de transferência de renda direta de curto prazo. Diferentemente do programa Bolsa Família, em que o benefício é pago apenas para os registrados no cadastro único, o auxílio emergencial beneficiou um público bem mais abrangente e com um valor, aproximadamente, três vezes superior ao do Bolsa Família.

Tal auxílio não somente contribuiu para amortizar os danos imediatos provocados pela pandemia na economia, como também colaborou para a melhora nas projeções de desempenho do PIB, bem como na repercussão favorável da boa reputação junto aos investidores estrangeiros.

Contudo, para 2021, com o fim do auxílio emergencial somado ao baixo empenho do Governo Federal em promover uma campanha célere de vacinação contra a Covid-19, tendo como consequência uma recuperação mais lenta da economia, a pobreza deve elevar-se. Além disso, como mais pessoas economicamente ativas devem procurar por trabalho com o fim do auxílio, a previsão é que haja um aumento ainda maior da taxa de desemprego para esse ano.

Afim de amenizar os possíveis impactos negativos no estoque de pobreza do Brasil com o fim do auxílio emergencial, seria apropriado a adoção de alguma política social correlata ao Bolsa Família, ou o fortalecimento/ampliação dessa última. Vale ressaltar que níveis elevados de pobreza e de desigualdade de renda comprometem o crescimento econômico.

A solução também poderia estar na ampliação do programa de microcrédito para as famílias de baixa renda, já que inúmeros estudos empíricos evidenciam que este funciona como um mecanismo favorável na geração de renda. Contudo, vale ressaltar que, concomitante a oferta desse diminuto crédito, cursos de capacitação aos beneficiários são imprescindíveis para autossutentabilidade dos pequenos empreendimentos e efetividade do programa. 

 

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