Carnaval, festa pagã, acontece com rituais entre o santo e o profano, visto que quando termina, na quarta-feira de cinzas, inicia o período da Quaresma, que se encerra com a Páscoa. No carnaval tudo é natural. Espumas de gente no ritmo do samba, frevo e axé, onde tudo é permitido, inclusive homens travestidos de anágua de mulher.
São quatro dias de festa. Máscaras, carro alegórico, pó, trio elétrico, roupa de tintas, fantasia, bebida alcoólica, praia, sol e mar, Noite adentro tudo é um convite ao prazer. Já houve um tempo em que o cheirinho da loló, nome popular de um entorpecente feito à base de clorofórmio, éter e essência perfumada, era a grande atração da festa. Depois dos cheiros haviam os beijos roubados, que em muitos casos terminavam em gestação.
Tudo é questão de época. Em outrora havia o rei Momo, a princesa e rainha do carnaval, os blocos carnavalescos dos clubes, as fanfarras de rua, tudo regado a muita cachaça. Tempo em que o narcotráfico ainda não dominava o mundo e, por isso, havia a cultura do "tudo é carnaval" e os exageros eram deixados nas cinzas da quarta-feira.
O carnaval, época onde se permite viver todas as formas de "amar" a carne, a volúpia acende a brasa do desejo, gente se junta e gente se separa, uns nascem e outros morrem (afogados, atropelados, pisoteados, assassinados, desastres e alta velocidade), pois na folia está aparente que o ser humano perde o senso de ponderação e até de responsabilidade.
Espero que nesse ano tenha sido diferente para que no próximo carnaval voltemos a ser foliões, mas foliões do bom senso, do desejo de viver, das garrafas cheias de felicidade e de respeito. Vamos lembrar que, todo cuidado foi pouco, toda atenção foi para que a vida de nossos entes queridos não virasse cinzas de tristeza.