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Gal Kury: Pela liberdade em ser plural
Opinião

Gal Kury: Pela liberdade em ser plural

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Gal Kury, consultora de marketing e professora universitária (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Gal Kury, consultora de marketing e professora universitária

"Gal, como você uma consultora e professora tem coragem de assistir ao BBB? Nunca pensei...Perder tempo com uma bobeira dessas!".

E se estas pessoas que me criticam por acompanhar um fenômeno cultural de massa soubessem que de vez em quando eu ouço pagode, funk, além de jazz e rock?

Entre uma cerveja e um vinho, um olho no BBB e outro em um livro técnico de um consagrado autor, entre mesas de plástico e hotéis de charme, não importa.

A liberdade de ser plural não pode ceder ao cerceamento elitista. O fato de ter uma formação acadêmica sólida não pode inviabilizar hábitos simples. E gostar disso. O oposto também não me alça a nenhum pedestal de superioridade.

Aliás, este conceito de elitismo intelectual que algumas pessoas cultuam como pertencente a uma categoria - e por que não dizer, casta! - superior não faz sentido. Como se viver em uma bolha pudesse trazer algum benefício, livrando-se do contágio de algo com "baixo nível."

É claro que, numa perspectiva histórica, as sociedades humanas foram sempre organizadas em função do conceito da existência de setores poderosos - elite - frente a outros desfavorecidos.

A elite normalmente concentra o conhecimento acadêmico, das ciências e das artes, e com isso se diferenciam do saber popular.

Porém, a cultura popular traz dimensões vastas e riquíssimas para estudos sociais, e a conexão alavancada pelas mídias digitais e tecnologia da informação acabam criando um cenário de interdependência e complementaridade.

Outro dia me sentei na grama de um jardim e comi espetinho de um ambulante na rua. É a vida pulsando na sua plenitude com as melhores cores e sabores. Ou simplesmente memórias afetivas indeléveis. Me incomoda saber que não é apropriado dizer que me encanta comer um bolo de chocolate com calda (ou um bom Tiramisù), com receio de ser rotulada de "antichic".

E o que é ser chic para você? Sabiamente disse Gloria Kalil: "Chique mesmo é honrar sua palavra, ser grato a quem o ajuda, verdadeiro com as pessoas, leal com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios." O resto é trelelê... 

 

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