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O grande sucesso de Bolsonaro
Opinião

O grande sucesso de Bolsonaro

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 Plínio Bortolotti (Foto: Camila de Almeida/O POVO)
Foto: Camila de Almeida/O POVO Plínio Bortolotti

Depois da lambança realizada na Petrobras, na qual saiu humilhado Paulo Guedes, o ministro liberal da Economia, Jair Bolsonaro tentou consertar o estrago enviando ao Congresso medida provisória para a privatização da Eletrobras.

Depois da fraquejada estatista com a intervenção na petroleira, Bolsonaro levou uma surra do "mercado", que o chantageou com a derrubada do índice das ações da companhia. Ele então retomou o discurso de campanha, garantindo a sua disposição em "enxugar o Estado", afirmando que as privatizações estão a "todo vapor" .

Para mostrar disposição, o presidente montou a pantomima de ir ao Congresso, acompanhado de uma turma de ministros, para apresentar a mensagem de privatização da Eletrobras. Ele, como sempre sem máscara, como também alguns de seus áulicos, péssimo exemplo em um país no qual já morreram mais de 249 mil pessoas atingidas pela Covid-19. O antigo posto Ipiranga entrou no convescote calado como um poste e saiu mudo como uma porta.

Bolsonaro já havia feito esse teatrinho quando atravessou a pé a Praça dos Três Poderes, com uma chusma de empresários, para dirigir-se ao Supremo Tribunal Federal (STF) — sem que a visita estivesse agendada — para pedir à Corte o afrouxamento das medidas de enfrentamento à pandemia decretadas por estados e municípios. Ou seja, um apelo em favor do coronavírus.

Falando nisso, em sua ânsia de demonstrar popularidade, Bolsonaro participou ontem do lançamento de um guia, destinado às administrações municipais, quando aglomerou-se (e muito) com prefeitos de várias cidades. Duzentos e sessenta alcaides compareceram ao evento, segundo a conta de seus apoiadores, que cantaram vitória pela presença maciça. A propósito, no Brasil existem mais de cinco mil municípios.

Ainda no departamento de chantagem, a PEC Emergencial incluiu em seu texto o pagamento do auxílio emergencial, mas também a desvinculação do orçamento do percentual constitucional destinado à saúde e à educação. Porém, uma coisa não depende da outra, sendo apenas um ataque a esses dois direitos fundamentais dos brasileiros.

Em compensação, como disse o colunista do O Globo (24/2/2020, Bernardo Mello Franco, Bolsonaro "está perto de concluir a maior obra de seu governo: a blindagem do filho Zero Um". Nisso, de fato, ele vem tendo grande sucesso. n

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