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A pandemia e a flexibilidade das cidades
Opinião

A pandemia e a flexibilidade das cidades

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Lauro Chaves Neto, professor da Uece, PhD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona e presidente da Academia Cearense de Economia (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Lauro Chaves Neto, professor da Uece, PhD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona e presidente da Academia Cearense de Economia

O enfrentamento da pandemia exige a redução da transmissão do vírus e isso só será possível através da imunização. A imunização definitiva virá com a universalização da vacina, enquanto isso não acontece é necessário evitar-se as aglomerações, a fim de impedir o colapso do sistema de saúde.

Uma das calamidades urbanas do nosso século é que a maior parte da sociedade deseja fazer atividades similares simultaneamente. Se, de outra forma, existissem hábitos pessoais e profissionais mais flexíveis, as cidades funcionariam muito melhor com inúmeros impactos socioeconômicos positivos.

Os espaços públicos, desde o início da pandemia, vêm sofrendo crescente esvaziamento, isso torna mais difícil o convívio saudável entre as pessoas e provoca fragmentação e segregação.

A cidade é o território onde se materializam os fluxos socioeconômicos de pessoas, mercadorias e informações. A concentração desses fluxos em determinados horários sobrecarrega as infraestruturas correspondentes, com grandes impactos negativos.

É possível usar o mesmo princípio para evitar o pico nos fluxos e estrangular o bom funcionamento das cidades, isso já vinha acontecendo progressivamente, mas a pandemia obrigou que todos se adequassem de forma muito mais rápida. Os avanços tecnológicos que permitiram essa flexibilização e as conexões são possíveis pelos smartphones, notebooks, 4G, Zoom, etc.

A lotação dos transportes públicos, que sempre foi um drama nos horários de pico, tornou-se, hoje, um dos principais riscos de propagação do vírus e a melhor distribuição do seu uso, ao longo do dia, depende, exatamente, de termos uma cidade mais flexível.

Novas alternativas de transportes de massa, como a expansão do metrô, e individuais, como a massificação do uso de bicicletas e patinetes para distâncias mais curtas, são necessárias, porém a solução definitiva seria a flexibilidade da organização das atividades pessoais e profissionais em horários diferentes.

É preciso criar cidades que se adaptem mais rapidamente, que sejam mais democráticas e menos desiguais quanto ao acesso às oportunidades. n

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