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Rosemberg Cariry: A dança da morte
Opinião

Rosemberg Cariry: A dança da morte

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Rosemberg Cariry, cineasta e escritor (Foto: Deísa Garcêz/Especial para O POVO)
Foto: Deísa Garcêz/Especial para O POVO Rosemberg Cariry, cineasta e escritor

É conhecido o fato histórico da Peste Negra, no século XIV, que devastou a Europa, vitimando por volta de 2/3 da população, em seus diversos ciclos.

Dois fenômenos se destacam nessa época: as "Ordens de Penitentes" e a "Dança da Morte" - expressões desesperadas de vivências dolorosas dos povos europeus, subjugados à tirania dos reis, dos senhores feudais e da igreja.

Os desenhos medievais mostram rodas de dançarinos comandados pela Morte, essa uma alegoria fantasmagórica (geralmente um poderoso, parte da elite da época), saltitante e alegre, que insiste em convidar todos para a dança; não importando classe social ou gênero, embora o abraço fatal, em maior quantidade, fosse dado nos pobres.

Os fatos do século XIV se assemelhem ao que ocorre no Brasil de hoje, como uma farsa trágica. Uma figura necrófila, alegoria da morte e da estupidez humana, incentiva os ajuntamentos, pede que tirem as máscaras protetoras e zomba da ciência, da dor e do luto.

Não age sozinho, pois cumpre ordens das elites que o apoiam, para a destruição da nação e para o genocídio.

Parte do povo (uns por necessidade - mantidos que são na miséria; outros por ignorância - importantes setores da classe média conservadora), junta-se para ensaiar a dança da morte, nas reuniões públicas, nos bailes e nas festas; sem uso de máscaras ou cuidados necessários. Contaminam-se e contaminam os seus familiares e amigos.

A vida já não vale nada. A elite brasileira sabe disso, contabiliza seus lucros e manda que a orquestra neoliberal toque mais alto para que a dança da morte continue.

A pandemia, no Brasil, não atingiu ainda a cifra dos mortos da Peste Negra porque alguns governadores, afrontando as orientações do Governo Federal, tomam medidas drásticas de controle sanitário, decretam lockdown, empenham as últimas reservas estaduais para manter funcionando os sistemas hospitalares colapsados.

Vale aqui ressaltar que, entre esses governadores, o do Ceará, Camilo Santana, tem se destacado, zelando pela saúde do povo cearense e enfrentando os messias da morte. Defende, com firmeza e coragem, o direito à vida. 

 

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