Quantos amigos perdidos? Quantos familiares? Quantos ainda perderemos? A saga do brasileiro agora é não virar um número nas estatísticas. As projeções são mórbidas: milhares e milhares morrerão nos próximos dias e, ainda, nos próximos meses.
Enquanto escrevo esse artigo, chegamos a mais de 370 mil vidas interrompidas precocemente pela Covid. Aos que ficam, resta o estranho luto da despedida distante, sem corpos velados, com a dor, a saudade e muita depressão. Uma perda social irreparável.
Seguimos despertando no resto do mundo sentimentos que passam por pena, chacota pela negligência irresponsável do Presidente da República e até rejeição, porque nos transformamos numa espécie de incubadora de novas variantes que ameaçam a humanidade.
Enquanto as promessas do Ministério da Saúde das entregas de vacinas que já deveriam ter sido aplicadas chegam à população como conta-gotas, os governadores do Nordeste, que se movimentaram e compraram a vacina russa, não conseguem agilidade da Anvisa na aprovação para uso no Brasil.
Para arrematar a tempestade perfeita, enquanto o resto do mundo enfrenta uma crise de deflação, o Brasil consegue ser o país com pior condução de políticas econômicas frente à pandemia, e nos coloca numa estagflação, que é uma retração da economia combinada com inflação.
Uma situação que é rara em crises econômicas, segundo o economista Rodrigo Zeidan, professor da New York University Shanghai e da Fundação Dom Cabral.
O país do futuro, que conquistou o ranking de 6ª economia mundial em 2011, ultrapassando o Reino Unido e caminhava para chegar à 5ª posição, encerrou 2020 como a 12ª. economia e com chances de cair para 13ª ao final de 2021.
E crescem o número dos desempregados e desalentados, retrocedendo-nos a um passado triste e vergonhoso, que já tínhamos superado, de ter milhões de brasileiros no mapa mundial da miséria e da fome.
Teremos muito trabalho pela frente para sair desse caos. Mas, de imediato, temos pressa de estancar essa sangria. Ao Senado, que acaba de instaurar a CPI da Covid, fica o apelo do brasileiro pela ação rápida e efetiva.