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Carlos Viana: Vigilância constante das pessoas com deficiência
Opinião

Carlos Viana: Vigilância constante das pessoas com deficiência

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FORTALEZA, CE, BRASIL, 12-06-2015: Carlos Viana, repórter do Núcleo de Opinião do jornal O POVO, deficiente visual. Fotos para arquivo. (Foto: Diego Camelo/O POVO) (Foto: O POVO)
Foto: O POVO FORTALEZA, CE, BRASIL, 12-06-2015: Carlos Viana, repórter do Núcleo de Opinião do jornal O POVO, deficiente visual. Fotos para arquivo. (Foto: Diego Camelo/O POVO)

A mais recente tentativa de trazer retrocessos para pessoas com deficiência foi o projeto de lei 1052/2020, do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). Nele, o parlamentar, que é dono da maior empresa alimentícia de Goiás, propõe alterar a lei 8213/1991, que destina de 2% a 5% das vagas em empresas que tenham mais de 100 funcionários a pessoas com deficiência.

A proposta propõe "permitir a contratação dos pais de menores com deficiência, assim como de seus responsáveis legais, quando não houver, no município da prestação dos serviços, pessoas com deficiência habilitadas para a admissão nos moldes do referido dispositivo legal".

Após receber inúmeras críticas de entidades que atuam no direito da pessoa com deficiência, o projeto foi retirado da pauta de votação, que ocorreria no último dia 27. Mas é preciso ficarmos atentos para que ele ou outro semelhante não seja aprovado no calar da noite.

Quem tem deficiência sabe a dificuldade de encontrar um emprego. A maioria das empresas, de forma totalmente preconceituosa, fecha as portas para PCDs, sobretudo aqueles com deficiências mais severas, como visual e física.

Com essas empresas não adianta argumentar, tentar explicar que sim, conseguimos trabalhar. Recebemos um "não" de forma perempitória e sem possibilidade de réplica. Creio que quase toda pessoa com deficiência passou por isso ao menos uma vez na vida.

Nos casos que a vaga é preenchida por pessoas com deficiência, muitas empresas optam por colocá-las em cargos com remunerações mais baixas, mesmo esses candidatos sendo aptos a ocuparem cargos mais elevados.

A tecnologia trouxe um avanço significativo na vida das pessoas com deficiência. Sem ela eu, que sou cego, jamais poderia escrever esse artigo, por exemplo. E, com essa tecnologia, hoje podemos ocupar postos de trabalho que até poucos anos seria imaginável.

Portanto, é hora das empresas, em vez de quererem flexibilizar ou acabar com a lei de cotas, perceber os benefícios de ter profissionais com deficiência em seus quadros.

Não somos inúteis nem seremos um peso morto nas empresas. Mas, para mostramos nossa capacidade, precisamos de uma oportunidade. n

 

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