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Gabriella Bezerra : Os primeiros passos da CPI da Covid
Opinião

Gabriella Bezerra : Os primeiros passos da CPI da Covid

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Gabriella Bezerra, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC) (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Gabriella Bezerra, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC)

A instalação da CPI da Covid tem gerado expectativas sobre os próximos capítulos da conjuntura política brasileira. Seu desenlace foi conturbado, antes mesmo de sua abertura.

Primeiro, acompanhamos o processo de coleta de assinaturas dos Senadores, para que o pedido pudesse ser enviado a Presidência do Congresso.

Depois, em uma movimentação jurídica, foi garantido o direito de sua abertura, sem a necessidade da anuência da Presidência da Casa, de acordo com o que preconiza a Constituição Federal. Essa resposta já tinha sido dada anteriormente pelo Supremo, mas ainda assim, gerou tensões entre os atores políticos.

Na prorrogação, mais um lance intenso. A contestação judicial, sem precedentes, da relatoria ter sido assumida por Renan Calheiros (MDB-AL).

Apesar de inútil, forçou o pronunciamento dos ministros e os expõe nos jogos de cena. CPI aberta, iniciam as definições dos seus membros, a partir do percentual partidário de cadeiras.

O que temos é uma composição não tão próxima a base de apoio bolsonarista, considerada minoria na Comissão. Mas é importante que se diga, não há também uma expressiva participação da oposição 'mais à oposição', digamos assim.

E mesmo que individualmente os senadores busquem uma postura mais aguerrida, a condução da CPI vai exigir muita habilidade política e uma atuação, ao mesmo tempo, firme e serena.

A atuação exagerada não me parece que será tolerada pela população brasileira, que exige respeito diante de assunto que tem se configurado em uma tragédia nacional.

A primeira reunião foi bastante acalorada, já que definiu os primeiros convocados a prestar depoimento, o que sempre garante momentos de extrema exposição do governo.

Mas a coletiva de imprensa do vice-presidente e do relator da Comissão foi serena. Ambos buscaram indicar que esse é o tom que será buscado, para que sejam levados a sérios e para que principalmente, a comissão gere resultados importantes - ou seja, para que consiga esclarecer as nuances da ausência de um combate mais efetivo a Covid-19 no Brasil. n

 

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