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Ítalo Coriolano: Bolsonaro: cada vez menos um presidente
Opinião

Ítalo Coriolano: Bolsonaro: cada vez menos um presidente

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Ítalo Coriolano, jornalista do O POVO (Foto: Camila de Almeida)
Foto: Camila de Almeida Ítalo Coriolano, jornalista do O POVO

A imagem do último 9 de maio, Dia das Mães, com o presidente Jair Bolsonaro liderando uma legião de motoqueiros, é simbólica para o momento que enfrentamos atualmente. No ápice de uma crise sanitária e econômica, a autoridade máxima do País resolve passear em comboio pelas ruas de Brasília, como se nada de grave estivesse acontecendo.

Ao mesmo tempo, junto ao bruto ronco dos motores, tenta transmitir ao público uma sensação de força. Espécie de "cavalaria" que em muito lembra aquelas cenas de filmes medievais com reis partindo para duras batalhas.

Quem dera a guerra de Bolsonaro fosse contra a pandemia, por exemplo. Muito pelo contrário: age como seu grande aliado, provocando aglomerações, atacando as essenciais medidas de isolamento social, desafiando as instituições. Os inimigos são a ciência e a estabilidade nacional.

Enquanto isso, as mortes se multiplicam: mais de 423 mil vítimas não só da Covid-19, mas também do descaso de algumas autoridades.

Imaginando-se acima da lei, o presidente procura, de todas as formas, fazer impor as suas vontades, nem que para isso tenha que criar um bilionário orçamento paralelo para agradar aliados e se manter no poder.

Se faltam recursos para aumentar o valor do auxílio emergencial, sobram para comprar tratores bem acima do valor de mercado.

Voltando à analogia com tempos passados, assim como os monarcas em contextos desfavoráveis, porque ninguém é de ferro, Bolsonaro faz seu banquete palaciano com direito a picanha especial no valor de R$ 1,8 mil o quilo.

Total falta de sensibilidade e empatia diante de um País onde milhares de pessoas não têm condições de comer nem um prato de arroz com feijão. Com a volta do Brasil ao mapa da fome, tem o acinte de ostentar tamanha iguaria.

Não à toa, já está sendo comparado à extravagante rainha da França Maria Antonieta, cuja trajetória foi das mais dramáticas.

É revoltante, decepcionante, mas o que conforta é saber que ninguém, absolutamente ninguém, escapa do julgamento do povo e da história.

E fica aqui uma singela curiosidade ainda sobre o evento motociclístico de Jair Bolsonaro. Uma das músicas tocadas na ocasião foi da banda sueca Europe: "The Final Countdown" (a contagem regressiva final).

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