No dia 28 de abril se iniciou na Colômbia uma greve geral contra a reforma tributária proposta pelo presidente Iván Duque, tendo também como motivação a falta de apoio do governo durante a pandemia e a constante onda de violência promovida pelo Estado.
A resposta do governo foi uma violência brutal que deixou dezenas de mortos e produziu mais de 1.200 denúncias de violações de direitos humanos, até mesmo a Comissão dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que acompanha a situação, afirma ter sofrido violência policial.
O que se passa na Colômbia não é um caso isolado. Trata-se de uma reação contra a colonialidade do poder que se estende por todo o continente, operando uma superexploração do trabalho e perpetuando uma economia extrativista que condena a maioria dos povos ao empobrecimento.
Além disso, têm-se as múltiplas formas de violências se retroalimentando com o racismo estrutural. Todo esse cenário contribui para que alguns poucos (os extrativistas, os controladores do agronegócio, os rentistas) possam ter grandes rendimentos e disputar um lugar no ranking da revista Forbes.
A colonialidade do poder, operando por meio do neoliberalismo, objetiva-se na forma política e econômica por meio de reformas como a da previdência, a trabalhista, a administrativa e a tributária.
Trata-se de reformas para acabar com direitos e com as políticas públicas e sociais, para impedir o Estado de ser um agente com capacidade de realizar justiça social e de ser um indutor do desenvolvimento.
Na Colômbia, a população está na rua para dizer que prefere morrer lutando a aceitar a morte programada por reformas que visam à acumulação de riquezas nas mãos de poucos.
De imediato, conseguiram fazer com que o governo retirasse a proposta de reforma tributária do Congresso e a renúncia do ministro da Fazenda. Eles exigem: renda básica universal de um salário mínimo, a suspensão do processo de privatização em curso no país e o fim da repressão policial.
A mensagem que os colombianos passam para o Brasil é a de que devemos ocupar as ruas por mudanças sociais, políticas, econômicas, jurídicas e culturais profundas. Eles nos ensinam que chegou a hora de rompemos com a passividade. n