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Plauto de Lima: Os descendentes de uma raça estoica
Opinião

Plauto de Lima: Os descendentes de uma raça estoica

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Plauto de Lima, coronel PM da reserva (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Plauto de Lima, coronel PM da reserva

Passei quase trinta anos da minha vida como integrante da gloriosa Polícia Militar do Ceará (PMCe), um pequeno hiato nos seus 186 anos de existência, comemorados no próximo dia 24 de maio de2021.

Ingressei na polícia ainda garoto, saindo da adolescência, com apenas 17 anos e seis meses, idade mínima aceitável.

Lembro-me que nos primeiros dias na saudosa Academia General Edgard Facó (a sua destruição foi a maior perda da história da Polícia Militar) ensinaram-me as estrofes da Canção da PMCe. Aliás, uma belíssima canção escrita por Filgueiras Lima.

Machado de Assis, membro fundador da Academia Brasileira de Letras, nos ensinou que "não devemos ler com os olhos, nem com a memória, mas com a imaginação".

Foi recorrendo à imaginação que fiquei conjecturando o que passou pela mente do poeta ao colocar numa das linhas da nossa canção a seguinte frase: "nós descendemos de uma raça estoica".

A escola estoica foi fundada em Atenas, em 300 a.C., por Zenão de Cítio, um pensador de origem fenícia que havia se fixado em Atenas e frequentado a Academia de Platão.

Segundo o filósofo Danilo Marcondes, são três as virtudes básicas para os estoicos: a inteligência, que consiste no conhecimento do bem e do mal; a coragem, ou o conhecimento do que temer e do que não temer; e a justiça, o conhecimento que nos permite dar a cada um o que lhe é devido.

Na obra "Ética a Nicômaco", o sábio grego Aristóteles, formado na mesma Academia de Zenão, ao caminhar pelos jardins do Liceu ensinava aos seus seguidores que o percurso mais curto para chegar à felicidade é por meio da virtude.

Segundo Aristóteles, que capacitou o grande Alexandre, a busca da justiça é uma virtude inerente aos homens vocacionados a correr risco. Esses homens são os guerreiros. Soldados que doavam a própria vida motivados pela honra (inteligência), pela reputação (coragem) e pelo dever (justiça).

Esses guerreiros, fortes e bravos, são os homens e as mulheres que formam a Polícia Militar do Ceará, secular milícia varonil.

Com renúncia e bravura, esses estoicos contemporâneos mostram o seu valor para manter a ordem pública, mesmo em um território encharcado de injustiça social, que tornou seus filhos escravos, vítimas da ganância pelo poder.

Parabéns corporação pujante e valorosa!

 

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