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Beatriz Cavalcante: O Brasil da extrema pobreza
Opinião

Beatriz Cavalcante: O Brasil da extrema pobreza

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Beatriz Cavalcante
Jornalista do O POVO (Foto: O POVO)
Foto: O POVO Beatriz Cavalcante Jornalista do O POVO

Quando se lê a palavra recorde o pensamento é de algo que remete para a vitória. Mas há montantes que alcançam o primeiro lugar e que não merecem orgulho.

O Brasil chegou, neste mês de maio, ao maior patamar de famílias na extrema pobreza (14,487 mil), segundo dados do Ministério da Cidadania.

São mais de 40 milhões de brasileiros vivendo com renda per capita até R$ 89 por mês.

Este valor não é capaz de comprar nem mesmo uma cesta básica de alimentos. Segundo dados do último levantamento, divulgado em 7 de maio, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre março e abril deste ano, o custo médio dos 12 produtos essenciais para a alimentação aumentou em 15 das 17 capitais pesquisadas.

Com base na cesta mais cara do País, a de Florianópolis, precificada em R$ 634,53, o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.330,69, ou seja, chegaria a 4,85 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100.

A pesquisa leva em conta uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

Nem mesmo o que se recebe com o Bolsa Família supre esta carência. O valor do Auxílio Emergencial 2021 tampouco chega perto.

O máximo que se recebe, R$ 375, vai assertivamente para mulheres chefes de lares. Afora este público, o restante recebe R$ 250 ou R$ 150, dependendo do padrão em que se enquadrem.

O número é grande e contempla os chamados invisíveis aos olhos de muitos, que inclusive se informam sobre esta realidade, mas teimam em querer acreditar que ela existe.

A pandemia está aí para provar a cegueira com a qual nos deparamos. Nem vimos e o Brasil chegou a este recorde, como que da noite para o dia.

Daqui para 2022, politicamente, talvez seja interessante manter este patamar de investir em programa de renda, como ontem mesmo a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, soltou sobre expandir e aumentar o valor do benefício. Não critico isto. É necessário diante da nossa verdade.

Mas quem quiser ver um país se tornar economicamente forte - não apenas em investimentos, ricos, bilionários - deve olhar para áreas fundamentais.

Pois a economia não é feita apenas de números. Ela é fruto de ascensão social, de redução das desigualdades, de acesso à saúde e educação de qualidade. O Orçamento do Governo Federal está aí para mostrar o contrário.

 

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