O retorno às aulas presenciais é um dos temas mais discutidos. A educação é um tema relevante para toda a sociedade e por isso todos temos o que dizer sobre ela, e é importante que tenhamos o direito e a oportunidade de fazê-lo.
Vivemos, porém, um tempo no qual a opinião (doxa) ganha contornos de conhecimento (episteme), moldando ações e pensamentos a partir de pontos de vista vulgares disfarçados de consistente entendimento. Assim é que, por exemplo, empresário se arvora como especialista em educação.
Com a vacinação dos trabalhadores da educação o retorno ao presencial no segundo semestre já é dado como certo.
Será que a imunização destes profissionais é condição suficiente para o retorno seguro? Não sei. Essa pergunta deve ser respondida por quem possui a episteme para tal: infectologistas, epidemiologistas e especialistas em saúde pública.
Posso falar de educação, e escolho falar sobre um de seus sujeitos, o mais importante deles: o estudante.
Uma educação que se queira bem-sucedida, nos diz Jörn Rüsen, deve considerar as condições de existência do aprendiz e como elas interferem em suas habilidade e capacidade de aprender.
Muito se fala da preparação das instituições de ensino para o retorno ao presencial, mas nada sobre as condições dos estudantes para isso.
Para que o retorno tenha o êxito que todos esperamos é preciso considerar como os estudantes estão experenciando a pandemia e como isso influirá no como eles lidarão com a dinâmica do ensino presencial, incluso a pressão por desempenho avaliativo.
Assim como nos afetou e alterou nossa relação com o trabalho e a vida, a pandemia modificou também os estudantes, e é preciso que todos - governantes, gestores, professores - estejamos atentos e sensíveis a esta mudança, bem como dispostos e capacitados a compreendê-la e respeitá-la, adequando nossas práticas e expectativas ao que os estudantes podem ser e fazer.
Um ensino incapaz de responder às necessidades existenciais dos estudantes, não serve para muito mais do que ocupar o tempo ocioso.